SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) anunciou nesta quarta-feira (26) o reajuste de bolsas de pesquisa em até 45%. Os novos valores entram em vigor no próximo 1º de agosto.
As bolsas de doutorado (divididas em seis modalidades) passam de R$ 3.805 e R$ 4.710 para R$ 5.520 e R$ 6.810, um crescimento de 45%. Ao todo, há 2.279 bolsistas no país nessas faixas.
Além disso, também a partir de agosto, eles também têm direito a ressarcimento da contribuição previdenciária, contanto que comprovem o seu recolhimento mensal até o limite do teto do INSS.
No caso das bolsas de pós-doutorado e projeto geração -este voltado a pesquisadores em início de carreira–, o reajuste é de 29%: saindo de R$ 9.318 para R$ 12 mil. A primeira atende hoje 1.562 pessoas e a segunda, 16.
A de jovem pesquisador, que beneficia 64 bolsistas, sobe 25%, de R$ 10.588 para 13.260.
Os dois tipos de bolsas de mestrado aumentam de R$ 2.582 e R$ 2.741 para R$ 3.120 e R$ 3.300, o que significa um reajuste de 21% e 20%, respectivamente. Juntas, elas abrangem atualmente 976 pesquisadores.
Antes em R$ 879, a bolsa de iniciação científica, concedida a 2.780 estudantes, tem o novo valor de R$ 1.080 (23% a mais).
Segundo a fundação, a medida adotada pelo Conselho Superior da instituição integra o programa de retenção e atração de talentos para o estado.
“O momento de incertezas que cercam o futuro da atividade científica no país exige ações eficazes para preservar a continuidade da formação de pesquisadores e assegurar a solidez do sistema de ciência, tecnologia e inovação no Estado e no país”, declarou a Fapesp, em seu site.
O aumento levou a comparações, em redes sociais, em relação a situação enfrentada por professores de instituições federais, especialmente os que estão em início de carreira. Vale mencionar que, recentemente, a greve dos professores das universidades federais terminou sem que o governo Lula atendesse o pedido de reajuste para este ano. Foi aceita, porém, a proposta para reajuste a partir de 2025.
As remunerações dos professores federais com doutorado em início de carreira docente são pouco superiores a R$ 10 mil brutos. Os pesquisadores ainda devem cumprir pelo menos dois anos em cada nível do magistério até a possibilidade de promoção. Por exemplo, chegando à classe C, como professor adjunto de nível 4, o pesquisador ganhará cerca de R$ 14 mil; para isso, devem ter passado por oito níveis.
Rafael Izbicki, professor assistente na Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), no X (antigo Twitter), elogiou a medida da Fapesp e criticou a falta de reconhecimento dos pesquisadores federais.
“Parabéns à @AgenciaFAPESP por valorizar a pesquisa e os pesquisadores. Esse tipo de reconhecimento é fundamental para o avanço científico. Infelizmente, esse reconhecimento não ocorre no nível federal”, escreveu.
“A Fapesp fez o que é correto, que é valorizar quem faz pesquisa”, diz o pesquisador da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Luiz Eduardo Del Bem. “O que não está adequado é o salário de professor. Se você pensa na comparação pós-doc e professor, o pós-doc tem dedicação à pesquisa cientifica e usualmente um projeto. Quando você é professor você tem que coordenar diversos projetos, além de dar aula, atividades administrativas e de extensão. O grau de responsabilidade e de trabalho que você tem que empenhar na função de professor é muito maior.”
Redação / Folhapress