SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, o coach Pablo Marçal (PRTB) tem feito elogios e referências públicas ao deputado federal Ricardo Salles (PL) e até incorporado seu vocabulário como parte de estratégia para atrair o eleitorado bolsonarista, ainda que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha decidido apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Segundo apurou a reportagem, no entanto, Salles não deve se posicionar na disputa municipal. Ele interrompeu as críticas incisivas que vinha fazendo a Nunes, mas não pretende apoiá-lo, assim como não se juntará a Marçal.
Nas redes sociais, apoiadores de Bolsonaro manifestam insatisfação com a escolha do ex-presidente por Nunes, que não se define como bolsonarista e tem uma relação de aproximações e distanciamentos com o capitão reformado do Exército.
Ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Salles é tido como candidato ideal pelos eleitores fiéis do ex-presidente. Ele tentou lançar pré-candidatura, mas desistiu duas vezes após resistência de Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Em sua própria definição, ele “foi desistido”.
Em 10 de junho, em entrevista ao programa Bradock Show, Marçal chamou Salles de “forte e aguerrido” e “extremamente inteligente”.
O deputado, por sua vez, contestou o discurso de Marçal de que não é de esquerda nem de direita e disse que, historicamente, trata-se de formulação de quem pertence ao primeiro campo político.
O pré-candidato vinha se colocando nos últimos anos como “governalista”, distanciando-se da direita e da esquerda, do capitalismo e do comunismo. “Governalismo é você cuidar da sua vida primeiro para depois cuidar dos outros”, afirmou no começo de junho.
Treze dias após a cutucada de Salles, o coach disse, em discurso na avenida Paulista, que só entrou na disputa municipal porque Bolsonaro “foi obrigado” a tirar Salles da eleição, “nosso candidato da direita”, devido a acordo feito pela cúpula do PL com os “maquinistas” expressão utilizada pelo ex-ministro para se referir a políticos que priorizam cargos na máquina pública em detrimento de compromissos e projetos ideológicos.
GUILHERME SETO / Folhapress