Destroços de satélite russo ameaçam a Estação Espacial Internacional

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A fase não anda muito boa na ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla inglesa). Depois de uma falsa emergência e os problemas com a cápsula da Boeing acoplada a ela que não consegue voltar à Terra, a estrutura foi ameaçada por uma nuvem de destroços de um satélite russo.

Segundo a Nasa e o Comando Espacial dos Estados Unidos, ao menos os quatro tripulantes americanos da estação tiveram de se abrigar da noite de quarta (26) até esta quinta (27) em um compartimento blindado.

Não foi dito o que ocorreu com os três cosmonautas russos que integram a 71ª expedição à ISS, inclusive seu comandante, Oleg Kononenko. A agência espacial da Rússia, a Roscosmos, não comentou ainda o episódio.

Segundo o Comando Espacial, ente militar, ao menos cem pedaços do satélite de sensoriamento remoto Resurs-P1 foram lançados em uma órbita compatível com a da estação. Passado um tempo não revelado, o alerta foi suspenso.

O que causou o rompimento do satélite, que foi desligado em 2021 após oito anos em serviço, não é sabido. Os americanos não citaram causas militares, um motivo de preocupação frequente: neste ano, houve grande confusão quando a Casa Branca sugeriu que Moscou pretendia colocar algum tipo de armamento nuclear em órbita, algo proibido por tratado de 1967.

Já o emprego de mísseis interceptadores de satélites é algo testado com frequência não só por russos, mas por americanos e chineses. A prática é perigosa para tudo o que está em órbita: o padrão de dispersão de destroços nem sempre é previsível. Contando com três chineses na estação de Pequim, há hoje 12 humanos no espaço.

A Nasa não informou se os dois ocupantes da cápsula Starliner, da Boeing, também foram abrigados na parte blindada da ISS. Devido a uma série de contratempos técnicos, eles estão sem previsão de volta para a Terra.

O constrangimento se soma aos frequentes relatos de problemas na seção russa da estação, como vazamento de ar, e problemas mais rotineiros, como o cancelamento de caminhadas espaciais.

Neste mês, uma transmissão relatando uma emergência descompressiva na estação, na qual o comandante era atendido de forma urgente por seus colegas, vazou para estações de rádios terrestres. A Nasa disse que havia sido um erro, pois tratava-se apenas de uma simulação de rotina.

Por fim, há as questões políticas na Terra. O espaço é um dos raros locais em que ainda há cooperação entre americanos e russos, às turras de forma não vista desde a Guerra Fria desde que Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, em 2022.

De lá para cá, houve incidentes como o de cosmonautas russos desfraldando bandeira de um território anexado ilegalmente pelo Kremlin na Ucrânia, e de tempos em tempos a Roscosmos informa que irá cessar sua participação na ISS, laboratório que começou a ser montado em 1998 no espaço, entrando em funcionamento total em 2011.

Por ora, contudo, naves russas seguem a rotina de levar e trazer astronautas (designação ocidental) e cosmonautas (termo usado desde a União Soviética, que lançou o primeiro homem ao espaço em 1961), além de carga.

O serviço também é feito por astronaves da empresa SpaceX, de Elon Musk, que agora ganhou a atribulada companhia da gigante aeroespacial Boeing —que enfrenta outras crises de imagem graves, acerca da qualidade de produção de seus aviões.

IGOR GIELOW / Folhapress

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