Promessa do Fortaleza é garimpada em torneio que brasileiro fez na Nigéria

PORTO ALEGRE, RS (UOL/FOLHAPRESS) – Facilitar o intercâmbio e dar oportunidades para jogadores africanos no Brasil. Este é o objetivo do empresário Flavio Trivella, que levou até a Nigéria uma competição que administra há 27 edições no Brasil: a Copa Trivella. Logo na primeira edição na cidade de Lagos, o agente recrutou uma promessa de 18 anos para um período de avaliação no Fortaleza.

PROMESSA A CAMINHO DO BRASIL

O principal destaque da competição já posou com a camisa do Leão do Pici. Trata-se de Michael Fashanu (conhecido como Fash), de 18 anos (faz 19 em julho), centroavante que mede 1,85m. Sua participação no torneio chamou atenção e entusiasma tanto o empresário quanto o clube. O jogador chega para um período de avaliação, e dependendo do rendimento poderá permanecer definitivamente no clube cearense.

“Ele tem uma condição física absurda. Cara de moleque, mas é muito bem desenvolvido. Briga por todas as bolas, arrasta muito bem, sabe o que faz, tem posicionamento, é matador. nesta quinta-feira (27) vemos uma dificuldade muito grande e procura no mercado por camisas 9, e ele sabe fazer gols. É difícil achar um jogador com tantas qualidades como ele tem. Tenho certeza que vai ficar no Fortaleza, não apenas pelo talento mas pela força mental também que já deu para perceber que possui”, diz.

POTENCIAL NA ÁFRICA

Flavio Trivella tem carreira longa no futebol e trabalha como agente de jogadores importantes como Thiago Galhardo e Bruno Cortez. A Copa Trivella normalmente ocorre no Rio de Janeiro, mas já foi realizada também em Porto Alegre e Campos do Goytacazes e irá ocorrer ainda neste ano em Goiânia. A competição reúne escolas de futebol, jogadores não federados em fase inicial da carreira.

Por meio de uma parceria com a empresa African Talents e por iniciativa do empresário surgiu a ideia de levar a competição até a Nigéria para dar oportunidade a atletas sub-20 amadores do país, realizando a Trivella Super Cup Nigéria. O Fortaleza deu apoio institucional para iniciativa, abrindo caminho para chegada dos principais destaques do torneio ao clube.

“Os nigerianos têm o sonho de jogar em outros mercados e uma relação mais próxima com a Europa pela colonização, a língua inglesa. Mas vimos a possibilidade de realizar a competição e recebemos apoio do CEO Marcelo Paz e do presidente Alex Santiago”, contou o agente.

Vi vários jogadores bons, mas temos que avaliar o perfil fora de campo também, que possa suportar a troca de casa, de cultura, de língua, comida, perfil pessoal, comportamento. É uma mudança de vida gigantesca. O futebol nigeriano tem jogadores muito fortes fisicamente, brigam por todas as bolas, eles têm muita velocidade. O que precisa é intercâmbio, oportunidade de desenvolvimento. É isso que queremos fazer entre Brasil e Nigéria para revelar novos talentos

FORTALEZA REFORÇA APOSTA

O Fortaleza tem olhado o mercado internacional também nas categorias de base, para identificar oportunidades, jogadores jovens que têm o desejo de vir jogar no futebol brasileiro e o Fortaleza ser essa porta de entrada. Temos o case emblemático do Kervin Andrade, um atleta que se consolidou no nosso elenco principal, o jovem sub-20 com melhor participação em gols na Série A e nesta quinta-feira (27) está na seleção venezuelana, na Copa América, e os países africanos também têm muito potencial. Através dessa parceria, a gente conseguiu identificar esse talento e vai trazer para treinar e, quem sabe, fazer parte do nosso elenco

Marcelo Paz, CEO do Fortaleza

ADAPTAÇÃO E NOVA EDIÇÃO EM CAMARÕES

O intercâmbio de jogadores africanos com a abertura deste mercado está na mira. O mesmo caminho de Fash pode ser seguido por novos meninos já observados ao longo da competição.

“A ida para o Brasil pode ser boa para eles, apesar do sonho de jogar na Europa. Seria mais fácil a adaptação pelo clima, o povo, além de terem clubes com estrutura para desenvolvimento deles, como o Fortaleza, que está acostumado a receber estrangeiros. O mais comum é de língua espanhola, e eles falam inglês e iorubá, o que pode ser o mais complicado, mas vão se adaptar, com certeza”, comentou Trivella.

Segundo apontou o UOL em março, 26 jogadores africanos eram registrados pela CBF. Destes seis são nigerianos. Para sedimentar o intercâmbio África e Brasil, mais uma edição da competição no continente está em avaliação. Agora a meta é levar o torneio para Camarões.

“Gostei muito do resultado e o pessoal daqui (Nigéria) gostou também. Vamos levar outros jogadores para o Brasil, mas ainda temos que resolver algumas situações. A vontade é fazer uma ou duas edições da Copa aqui por ano. Já temos um contato em Camarões que deve ser nossa próxima investida. É muito legal, sempre fui fã do futebol africano e vejo muitas possibilidades. O que eles precisam é intercâmbio e estrutura”

MARINHO SALDANHA / Folhapress

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