Em frente a Lula, Haddad defende equilíbrio fiscal pelos lados da receita e despesa

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad (Fazenda) defendeu quinta-feira (27) que o governo federal siga perseguindo o equilíbrio fiscal tanto pelo aumento da receita quanto pelo lado da despesa.

A afirmação aconteceu ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que no dia anterior havia questionado a necessidade de cortar gastos, em uma declaração que provocou reação do mercado.

Por outro lado, o chefe da equipe econômica também falou que Lula “nunca desautorizou o ministro da Fazenda na busca do equilíbrio das contas”.

Haddad participou na manhã desta quinta-feira (27) da 3ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão, no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

Participaram o presidente Lula, outros ministros do governo e integrantes da sociedade civil.

“Temos que proteger a nossa economia e a forma é acelerar a agenda de reformas econômicas, macroeconômicas e microeconômicas no Congresso Nacional, acelerar o redesenho de políticas públicas, buscar equilíbrio fiscal, sim, pelo lado da receita e da despesa”, afirmou o ministro da Fazenda.

“Não há outra forma de fazê-lo, com sabedoria, com inteligência para que não coloquemos em risco o crescimento que ajuda a estabilizar a [relação] dívida-PIB”, completou.

Em entrevista ao portal UOL no dia anterior, o presidente Lula colocou em dúvidas a necessidade de efetuar um corte de gastos para melhorar o equilíbrio fiscal do governo.

“O problema não é que tem que cortar. Problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão”, afirmou o presidente.

O ministro Fernando Haddad, no entanto, afirmou que nunca foi desautorizado pelo presidente na sua atuação para buscar um equilíbrio econômico.

“O senhor resolveu enfrentar essa questão [buscar equilíbrio fiscal] e nunca desautorizou o Ministério da Fazenda na busca do equilíbrio das contas, pelo lado da receita, sim, porque nossa receita caiu 2% do PIB pelas renúncias fiscais nos últimos anos, como apontado pelo TCU [Tribunal de Contas da União]”, afirmou.

Haddad ainda acrescentou que o presidente Lula pediu um redesenho das políticas públicas, que “vai ter sabedoria de saber o que fazer e não fazer para não prejudicar a população mais pobre desse país”.

O ministro, em sua fala, alternou entre um discurso escrito, que foi divulgado pelo Ministério da Fazenda, e falas em improviso. O texto escrito contém um trecho que afirma que a revisão de gastos tributários ainda não foi esgotada, mas que a Fazenda reconhece que essa agenda tem limites.

Haddad, no entanto, optou por não ler esse trecho durante a sua fala.

“Estamos atentos ao fato de que o resultado primário precisa conferir sustentabilidade à trajetória dessa dívida. Ainda não esgotamos a revisão de gastos tributários, mas sabemos os limites dessa agenda”, afirma o trecho do discurso, que não foi lido.

“E também reconhecemos a necessidade de encarar as pressões do gasto público. Desde que, como sempre lembra o presidente, cuidemos dos mais vulneráveis da sociedade brasileira. Não aceitamos deixar ninguém para trás”, completa o texto.

Durante a reunião do Conselhão, alguns participantes da sociedade civil saíram em defesa de Haddad e de suas políticas, também acrescentando que é necessário cortar gastos. O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, afirmou que nenhum país está imune a um descontrole fiscal.

“Existem ruídos de uma eventual fragilidade fiscal, mas é importante destacar sobretudo que o ministro Fernando Haddad tem reafirmado sua determinação com o compromisso do arcabouço fiscal, de um lado com o crescimento das receitas, mas também tem sido vocal em enfrentar a necessidade de maior controle das despesas”, afirmou.

RENATO MACHADO E JULIA CHAIB / Folhapress

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