BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente nacional da União Brasil, Antonio Rueda, saiu em defesa de Juscelino Filho um dia após o presidente Lula (PT) admitir a hipótese de demissão do ministro das Comunicações.
Em nota divulgada nesta quinta-feira (27), Rueda diz que o partido reafirma o seu “apoio incondicional” ao ministro, citando integridade inquestionável de Juscelino.
“O União Brasil reafirma seu apoio incondicional ao ministro Juscelino Filho, cuja integridade e profissionalismo são inquestionáveis e refletidos em sua gestão competente e dedicada no Ministério das Comunicações. Tal eficácia é reconhecida e valorizada pelo próprio presidente Lula”, diz a nota.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, integrantes da cúpula do partido dão como certa a saída de Juscelino. Filiado ao partido, ele foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita de corrupção. Auxiliares de Lula procuraram nesta semana dirigentes da União Brasil para tratar da situação, e esse gesto foi lido como sinal de que o próprio governo encara a demissão de Juscelino como provável.
Na nota, Rueda nega que tenha ocorrido contato de auxiliares de Lula para tratar do assunto e diz que Juscelino é um “quadro de excelência” do partido. Ele também afirma que sua conduta à frente do ministério “permanece irrepreensível”.
“O partido mantém seu compromisso com a transparência e justiça, e seguirá apoiando todos os membros que trabalham pelo progresso do nosso país”, diz a nota.
Na quarta (26), Lula admitiu a hipótese de demissão pela primeira vez, em entrevista ao UOL, dias depois de tê-lo defendido. Ele afirmou que, caso o ministro seja denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), ele terá de “mudar de posição”.
A Polícia Federal indiciou o ministro sob suspeita dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação.
Investigadores apontaram que Juscelino integra uma organização criminosa e cometeu crimes relacionados a desvios de recursos de obras de pavimentação custeadas com dinheiro público direcionados à estatal federal Codevasf.
A investigação foi enviada para avaliação da PGR, comandado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Cabe ao órgão se manifestar sobre a efetivação da denúncia.
O ministro tem sido alvo de acusações desde o início do governo. Lula, porém, descartava demiti-lo sob pena de desencadear uma crise com a União Brasil. O partido tem 59 deputados e sete senadores e é considerado importante para garantir a aprovação de projetos relevantes ao governo.
VICTORIA AZEVEDO E JULIA CHAIB / Folhapress