RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Iolanda. É assim que Camila Morgado se refere à sua personagem de “Renascer”. A alcunha de “Dona Patroa”, como o marido machista, Egídio, se referia a ela, lhe causa arrepios. Conversar sobre Iolanda deixa Camila animada, muito por causa do causa do sucesso que vem fazendo no papel –que a atriz pensou até em recusar. Ficou meio em dúvida quando o autor, Bruno Luperi, a convidou.
Ela conta que, ao ler o roteiro, a achou parecida com a Dona Bruaca, interpretada por Isabel Teixeira, há dois anos, em “Pantanal”, mas Luperi a assegurou que seriam bem diferentes.
“Elas vêm dos mesmos lugares do coronelismo, do relacionamento abusivo e do apagamento para a descoberta, só que Iolanda tem a questão da religião e a comicidade”, descreve Camila, que se surpreende com repercussão positiva da relação de Iolanda e Rachid (Almir Sater). “Está funcionando, né? (risos). Adoro ver os dois juntos. Adoro. A construção do Almir está tão perfeita e é muito interessante ver que esse homem está dando asas para essa mulher voar, se descobrir e se amar”.
Camila acredita que sua personagem vai começar a entender que ela pode ser uma mulher independente e torce para que, ao contrário da versão anterior (com um final feliz ao lado do libanês), ela termine a novela sozinha, sem amarra alguma. “A gente não sabe e está em aberto. Eu acho que seria muito bom mostrar essa mulher que se encontra e é desejada pode viver sozinha, sim. Pode se tornar uma mulher que não precisa depender de homem nenhum para ser feliz, né? Ela pode conseguir isso por ela mesma”, defende.
Iolanda transante? “Exatamente. Muitas mulheres falam isso para mim na rua. Uma mulher da idade dela, que deve estar entre 40 e 50, e já passou por um casamento, seja ele abusivo ou não, vai se amarrar a outro homem? Eu torço para que Iolanda seja uma transante. Ela tem que conquistar sua liberdade”.
Sem redes sociais, Morgado encontra nas ruas o termômetro de Iolanda. Alívio cômico da novela, ela vem fazendo muita gente rir com seu vocabulário religioso usado de forma… engraçada. Não há melhor adjetivo para defini-lo. Tanto o “Ah, meu Pai Eterno!” quanto o “Jezebel!”, usado para se referir a mulheres que ela considera pecadoras e endemoniadas, dão um tom bem humorado à sua religiosidade, por vezes caricatural. Era isso o que ela queria.
“Teve uma cena em que eu entrava com um vidrinho de óleo ungido e foi um sucesso. Várias pessoas se sentiram representadas”. Camila construiu a personagem com a ajuda de sua manicure evangélica, Katerine, para construir a personagem.
“Ela me manda áudios passando dicas de algumas palavras, e fala assim: Camila, não tem essa coisa muito discreta. É gritado’. Misericórdia, sangue de salomé… (risos)…são algumas [palavras] que coloquei”.
ANA CORA LIMA / Folhapress