Feira Naturebas atrai produtores, importadores e apreciadores de vinhos naturais

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Primeiro Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo, reuniu neste sábado (29) sommeliers, produtores e importadores de vinhos de várias partes do mundo para a Feira Naturebas, palco de conexões para os amantes da bebida. Nesta história os protagonistas são os vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos.

Feitos com uvas orgânicas e com composições majoritariamente livres de químicos, esses vinhos atraem consumidores que buscam fugir do padrão industrial de produção. O evento segue neste domingo (30).

Foi o caso do sommelier Ítalo Borges, 40, que veio de Fortaleza (CE), só para o evento.

“Não tenho problema com o sulfito”, diz, se referindo à substância usada como conservante nos vinhos.

“Meu interesse é mais por conhecer o natural. Alguns, a gente estranha no começo, tem uma acidez maior, tem nuances da expressão do solo, da pessoa, do trabalhador que fez surgir, o que é interessante. Mas temos que ter a mente aberta para provar de tudo e saber diferenciar cada uma das propostas”, afirma.

Na feira, não faltou quem soubesse apreciar as propostas. Por ingressos a partir de R$ 269, o público teve a chance de fazer compras diretamente com os produtores e de degustar cada um dos vinhos— segundo a organização, estiveram presentes cerca de 170 produtores de mais de 14 países e mais de 2.000 vinhos.

Mas o consumidor final, embora seja o público-alvo, não foi o único beneficiado: os próprios produtores aproveitaram a oportunidade para procurar importadoras para os seus produtos. Placas de “Ei, ainda não tenho importador no Brasil” ficavam à exposição.

A Ulter Wines, produtora da região de Valle del Maune, ao sul de Santiago, chegou ao evento com esse objetivo. O maior sucesso da empresa, há dois anos no mercado chileno, é o vinho natural produzido a base da uva “Portugais Bleu”, cuja produção ainda é limitada no país.

No site, o produto é vendido por um valor equivalente a cerca de R$ 100, mas por enquanto, só os presentes na feira conseguirão adquiri-lo.

A empresa é formada pelos amigos Rodrigo Opazo, enólogo, e Américo Sepúlveda, responsável pelas vendas. “Nos nossos produtos, não usamos nenhum conservante e os vinhedos não têm químicos também”, diz Sepúlveda.

Embora a maior parte dos expositores fossem oriundos do Chile, Argentina e Rio Grande do Sul, houve também destaques europeus. A maior fila— durante todo o evento— foi formada para a degustação dos vinhos de John Wurdeman, fundador da vinícola Pheasant’s tears, da Geórgia, país no leste europeu conhecido por ser um dos países produtores de vinho mais antigos do mundo.

Considerada a celebridade da feira, Wurdeman servia os presentes com quatro tipos de vinhos —dois brancos, que esgotaram antes do evento acabar, um rosé e um tinto. Os preços variavam de R$ 210 a R$ 290.

Até o domingo (30), os estandes expõem, especialmente, vinhos de produtores latinos e importadores, alguns deles com promoções atraentes— na importadora Família Kogen, por exemplo, os valores vão de R$ 75 a R$ 135, com descontos que chegam a até 50%.

A importadora de vinhos alemães, a Weinkeller Vinhos, também era um dos estandes que trazia promoções de vinhos orgânicos e biodinâmicos —os mais baratos traziam valores de R$ 159 por R$ 99, enquanto o mais cara saía de R$ 298 por R$ 248.

Responsável por buscar produtores no país europeu, a importadora também tem como trabalho convencê-los a exportar. “Não é fácil. Estar aqui é importante porque a feira abre os olhos do mercado, foge da curva porque é aquilo que não vai ser encontrado no supermercado”, diz Ana Nogueira, atuante na empresa.

Organizada desde 2013, a feira chegou a sua maior edição este ano. Embora o foco seja o vinho, o evento reuniu até importadoras e produtores de outros produtos como queijos, azeites e chocolates.

Segundo o organizador Leonardo Reis, o interesse pelos vinhos naturais tem crescido nos últimos anos. “Álcool é álcool. Mas se você não tem aquele monte de outros produtos sintéticos e industrializados na bebida, seu corpo vai digerir de uma maneira muito melhor do que um vinho convencional”, afirma.

LUANA LISBOA / Folhapress

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