Rio cria sistema de alerta com níveis de ondas de calor

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A cidade do Rio de Janeiro passa a ter um novo protocolo de comunicação para a população em cenários de risco relacionados aos períodos de ondas de calor. As normas foram publicadas por decreto e portaria no Diário Oficial do Município desta segunda-feira (1º).

O sistema, que leva em consideração temperatura e umidade relativa do ar, é classificado em 5 Níveis de Calor (ou NCs, na sigla), e para cada um haverá protocolos a seguir.

O prefeito Eduardo Paes vinculou a criação dos alertas à morte de uma fã da cantora Taylor Swift por hipotermia durante o show da artista na capital fluminense, em novembro. Na ocasião, a cidade passava por dias de extremo calor.

“Se esse protocolo existisse nós teríamos cancelado o show como se fez no dia seguinte, mas se fez muito mais por um temor dos produtores, somado ao temor da prefeitura, mas sem um protocolo naquele momento. Nós literalmente improvisamos. A partir de agora nós não vamos mais improvisar”, afirmou Paes.

O decreto, no qual estão publicadas as normas, cria ainda um comitê que será responsável por monitorar e analisar os protocolos já criados.

O NC1, o NC2 e o NC3 não inspiram cuidados. A rotina do carioca deverá ser alterada a partir do NC4, quando há previsão de calor intenso por pelo menos três dias seguidos. Nesse nível, serão disparados avisos para que a população procure “pontos de resfriamento”, equipamentos públicos já existentes com ar-condicionado ou refrigeração.

O NC 5 será atingido quando as temperaturas seguirem extremas por três dias consecutivos. Nesse estágio, grandes eventos, como shows, serão cancelados se não puder haver adaptação para suprimir os riscos. Também serão suspensas de atividades externas em unidades de ensino, e até serviços de asfaltamento e limpeza urbana.

Neste estágio, os boletins meteorológicos serão divulgados a cada 6 horas, além de um boletim epidemiológico em até 72 horas após o fim da onda de calor.

O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, disse que pontos de hidratação devem ser ampliados para a população vulnerável, e destacou que o calor excessivo pode trazer problemas.

“Com o calor intenso, a gente pode ter agravamento de algumas doenças e situações críticas. A comunicação pode fazer toda a diferença”, afirmou.

Segundo estudo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que analisou dados coletados nos últimos 60 anos, o número de dias com ondas de calor mais que dobrou nas nas últimas duas décadas no país.

Com as mudanças climáticas, que já aqueceram o planeta em mais de 1,2ºC, esse tipo de fenômeno já se tornou mais intenso e frequente em todo o planeta.

De acordo com o nível de risco, o Centro de Operações da prefeitura emitirá os alertas para a população pelos principais canais de comunicação do órgão e da Secretaria de Saúde: site, redes sociais, aplicativo e demais canais de relacionamento com a imprensa.

A classificação das temperaturas será: altas (36ºC a 40ºC), muito altas (40ºC a 44ºC) e extremas (acima de 44ºC). Para que uma situação seja categorizada como onda de calor, é preciso que os termômetros fiquem pelo menos cinco graus acima da média por um período de cinco dias ou mais.

Outra novidade é que as ondas de calor passam a ter nome, assim como acontece com os furacões, seguindo orientação da Organização Meteorológica Mundial. A lista de nomes que poderão ser usados até 2028 já foi definida.

Os índices de temperatura e umidade relativa do ar são medidos pelas oito estações meteorológicas da rede Alerta Rio, espalhadas pelo município e monitorados em tempo real pelo Centro de Inteligência Epidemiológica da Secretaria de Saúde.

As análises vão servir de base para a tomada de decisões. O banco de dados do Centro de Inteligência Epidemiológica reúne ainda informações emitidas por satélites e a série histórica dos indicadores considerados, o que permite observar, prever e comunicar eventos meteorológicos de grande impacto.

Os avisos de altas temperaturas serão incorporados aos estágios operacionais do município, que há anos orientam os cariocas e os serviços públicos em situações de chuva intensa ou em incidentes.

Essa é a segunda grande mudança de protocolos de emergência na cidade desde a alteração feita no acionamento de sirenes em casos de chuvas e riscos de desabamentos ocorrida em 2015.

ALÉXIA SOUSA / Folhapress

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