Felipe Melo é suspenso por um jogo por empurrão em assessor do Atlético-GO

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O zagueiro Felipe Melo, do Fluminense, pegou suspensão de um jogo —já cumprido— por conta do empurrão dado no assessor de imprensa do Atlético-GO, Álvaro Castro, na partida em que o Dragão venceu o Tricolor por 2 a 1, no Maracanã. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva desclassificou a denúncia de “agressão” e a converteu para “ato hostil”. O funcionário do clube goiano foi suspenso por 15 dias.

O QUE ACONTECEU

A Procuradoria do STJD havia denunciado Felipe Melo em dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJ): 254-A (praticar agressão física durante a partida, prova ou equivalente – pena: suspensão de 4 a 12 partidas); e 257 (participar de rixa, conflito ou tumulto, durante a partida, prova ou equivalente – pena: suspensão de 2 a 10 partidas).

A maioria do tribunal entendeu, porém, que o episódio não foi uma agressão e, sim, um ato hostil. Por conta disso, a denúncia do artigo 254-A foi desclassificada para o 250. Já o artigo 257 foi desconsiderado para ambos.

Pesou contra o assessor do Atlético-GO o fato dele ter invadido o campo. Um dos auditores chegou a dizer que, caso isso não tivesse ocorrido, Felipe Melo não teria dado um empurrão no funcionário.

A decisão causou revolta à defesa do Atlético-GO. O advogado Filipe Oliveira a classificou como uma “inversão de valores”.

Felipe Melo esteve presencialmente na audiência e negou que tenha agredido o assessor. Admitiu, porém, que agiu errado e disse ter sido “tomado pela emoção”.

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TRECHO DO DEPOIMENTO DE ÁLVARO CASTRO, ASSESSOR DO ATLÉTICO-GO

“Eu fui tomado por uma emoção ao ver a equipe em que eu trabalho, a equipe que eu represento há cerca de anos, vence um jogo no maior estádio de futebol do mundo. Os jogadores reservas passam correndo, eu os acompanho, dou a volta e saio de novo e vou atrás já com o celular na mão. Em nenhum momento eu olho para provocar, eu olho para alguém para provocar. Fui tomado pela emoção de ver o meu time fazendo o gol.No vídeo de 18 segundos que foi mostrado agora estou retornando ali, olhando já para o celular, já pensando no que vai ser postado, pensando no momento, porque esse é o meu papel como jornalista e representante do clube, é mostrar a emoção e os fatos bons e ruins do Atlético dentro dos jogos.Eu estou ali meio atordoado ainda, andando para frente de novo entre a linha do campo e a linha pontilhada da área técnica, quando eu vejo, o juiz acaba o jogo até antes de eu pular, mas quando eu vejo que o juiz acabou o jogo, eu comemoro, não considero que isso tenha sido uma comemoração acintosa. Em nenhum momento foi para provocar. Respeito muito o Fluminense. Naquele momento não havia sequer lembrado quem era o adversário, para mim era uma vitória do Atlético no maior estádio do mundo.

Eu comemoro e, quando estou chegando na área de imprensa, onde eu faria a entrevista do jogador que tinha sido o melhor em campo, que no caso havia sido o Luiz Fernando, eu vejo que alguém joga alguma coisa em mim Na hora achei que era uma garrafa d’água, mas depois me falaram que era o GPS que os jogadores usam. Eu olho para o lado e sou covardemente agredido, empurrado, meu corpo estava muito leve pela tomada de emoção, então tem um chicote no meu pescoço, eu sinto meu pescoço doendo muito, eu ainda consigo dar uns passos à frente para não cair muito pesado no chão, eu caio e me machuco, depois quando eu olho para trás, vejo o atleta deles já me xingando, me ofendendo, eu arregalo o olho com medo, com muito medo pela situação e pergunto, meio que falando para ele: ‘por que eu? Sou tão pequeno para você, em todos os sentidos, desde a minha alçada profissional até o meu tamanho’. Ele é muito maior do que eu. Nisso vem um outro membro do clube adversário e começa a me xingar e é nessa hora que eu também explodo. Aí começa uma discussão ali e vem um atleta do Fluminense, se não me engano o Ganso e diz: ‘calma, ele foi expulso’. Foi basicamente isso que aconteceu.

Reitero que em nenhum momento provoquei. Estava muito feliz naquela situação, com a vitória do clube que eu represento e jamais quis ofender tanto o atleta, quanto a equipe adversária. Foi um momento de explosão e de muita felicidade. Para mim, especificamente, depois desse grande pesadelo que eu ainda estou vivendo diariamente na minha vida, com várias situações muito difíceis… Mas enfim, dentro de campo foi isso”.

TRECHO DO DEPOIMENTO DE FELIPE MELO

“Eu uso até das palavras dele, as minhas. Também fui tomado por uma emoção naquele momento. Não vou ser hipócrita. Não estou aqui para me fazer de vítima. E por ser tomado por essa emoção, eu me equivoquei, sim. Errei. Mas quero deixar bem claro que, em hipótese alguma, o agredi. Em hipótese alguma, falei palavras de baixo calão para ele. Pelo contrário. O que eu fiz foi empurrá-lo. Ele me viu, foi de lado. Não foi jogado nada nele. Ele sabia que eu estava chegando. O empurrei e falei: ‘sai daqui’. E a todo momento, ele faltava respeito com a instituição Fluminense. E eu, como capitão da equipe, me senti desrespeitado, sim. E aquela área na qual ele fez aquilo ali, é uma área que, para nós ali, é muito importante. Em frente ao banco de reservas do Fluminense. Ele não faltou respeito somente com a instituição, mas com todos nós atletas que ali estávamos.

Eu já venci muitos jogos em último minuto. Inclusive clássicos na casa do adversário e jamais fiz isso. Jamais deixei que algum atleta meu fizesse qualquer tipo de coisa. Porque a gente sabe que o futebol é emoção. Então errei, de fato errei. Mas fui tomado por uma emoção muito grande naquele momento ali. Por saber que o atual campeão da Libertadores está passando por um momento muito difícil, vendo a torcida realmente vaiando a equipe e eles fazem essa falta de respeito. Foi o que aconteceu, foi o que ficou bem nítido.Nenhum momento quis fazer mal a ele. Foi um empurrão que ele deixou o corpo se levar, mas em nenhum momento foi para machucá-lo, como entendo que não machuquei. Depois eu voltei, inclusive, para falar com um dos atletas dele. E não teve confusão depois, porque os atletas estavam conversando. Não teve dedo em riste, não teve empurrões. Tudo isso foi porque uma pessoa que não deveria estar ali, estava ali e faltou respeito com a instituição”.

BRUNO BRAZ / Folhapress

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