Dólar abre em forte queda e fica abaixo de R$ 5,50 após falas de Lula

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em forte queda nesta quinta-feira (4), mantendo a tendência vista no dia anterior. Às 9h08, a moeda caía 1,36%, cotada a R$ 5,4936, ficando abaixo do patamar de R$ 5,50.

O cenário reflete uma diminuição da preocupação dos investidores com as contas públicas após falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que reafirmaram o compromisso fiscal do governo.

Na quarta-feira, Lula disse que gasta quando é necessário e que não joga dinheiro fora. Além disso, afirmou que responsabilidade fiscal é compromisso, não palavra.

“Aqui nesse governo a gente aplica dinheiro necessário, gasto com edução e saúde quando é necessário, mas a gente não joga dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é palavra, é compromisso desse governo desde 2003 e a gente manterá ele à risca” disse Lula, em discurso no lançamento do Plano Safra Agricultura Familiar, no Palácio do Planalto.

Horas depois, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente mandou manter o arcabouço fiscal e anunciou corte de R$ 25,9 bilhões.

A declaração foi dada ao lado dos ministros Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) após reunião com Lula para discutir medidas de reequilíbrio do Orçamento.

O anúncio soma-se a outras declarações dadas por Haddad e Lula na quarta no sentido de reforçar o compromisso do governo com o controle das contas públicas, após ruídos sobre o tema terem levado a sucessivas altas do dólar nas últimas semanas.

Nesta quinta, a sessão será de liquidez reduzida por conta do feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos. Na quarta-feira, o dólar fechou em baixa de 1,72%, a maior queda em um dia desde 6 de janeiro de 2023, negociado a R$ 5,5693.

Lula tem feito declarações públicas contra mudanças na política de valorização do salário mínimo (que impacta a Previdência Social) e a desvinculação entre benefícios sociais e o piso nacional. Ele também descartou limitar o crescimento dos mínimos em Saúde e Educação. Esses são justamente alguns dos componentes que mais pressionam o Orçamento.

Após apostar em um ajuste fiscal centrado no aumento de receitas, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) passou a defender também medidas pelo lado das despesas. Mas essa opção ficou em xeque após Lula dizer, na semana passada, que primeiro precisa “saber se precisa efetivamente cortar” gastos.

Já Haddad afirmou nesta quarta (3), durante reunião do Conselho da Federação, que a diretoria do Banco Central tem autonomia para atuar no câmbio.

“A diretoria lá [do BC] tem autonomia para atuar como entender conveniente. Não existe outra orientação”, afirmou Haddad.

O ministro afirmou ainda que ainda há pendências nas negociações da dívida com os estados, mas que espera conclui-las até o fim de julho. Ele mencionou quatro possíveis saídas sugeridas pela Fazenda, mas disse que os temas estão em aberto e evitou entrar em detalhes sobre as negociações.

No exterior, a maior parte das divisas também apresenta valorização ante a moeda americana, após a divulgação de dados de emprego mais fracos que o esperado nos EUA. O real, no entanto, teve o melhor desempenho entre as principais moedas globais ante o dólar nesta terça.

Na Bolsa brasileira, o dia foi de alta, com apoio principalmente das ações da Vale, a empresa de maior peso do Ibovespa, que subiu mais de 2%. O alívio nas curvas de juros futuros locais também impulsionou o índice, que fechou com avanço de 0,70%, aos 125.661 pontos, segundo dados preliminares.

“As falas do governo foram mais apaziguadoras, e isso ajuda a capturar o otimismo do mercado internacional, algo que a gente não conseguiu fazer nos últimos meses. Só de [Lula] adotar um tom um pouco mais conciliador, sem atacar a independência do Banco Central, falar em responsabilidade fiscal, falar em compromisso com o arcabouço, já dá um gostinho do quanto a nossa Bolsa está subcomprada”, afirma Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

Redação / Folhapress

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