SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em um gesto já esperado após a esmagadora derrota sofrida por seu partido nas eleições desta quinta (4), o conservador Rishi Sunak anunciou nesta sexta-feira (5) sua renúncia ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido. Ele também deixará a liderança do Partido Conservador.
“Dei tudo o que pude nesta função, mas vocês [eleitores] enviaram um sinal claro que o governo do Reino Unido precisa mudar, e o julgamento de vocês é o único que importa”, afirmou Sunak em um discurso do lado de fora da sede do governo, em Downing Street.
“Ouvi a raiva de vocês, seu desapontamento, e assumo a responsabilidade por esta derrota. A todos os candidatos conservadores e às equipes de campanha que trabalharam sem descanso, mas sem sucesso, desculpem-me pelo fato de que eu não pude entregar o que seus esforços mereciam”, declarou.
Logo depois, ele apresentou sua renúncia ao rei Charles 3º no Palácio de Buckingham, em um rápido encontro. Em comunicado, o palácio informou que o rei aceitou o pedido, como parte da praxe da transferência de poder.
Sunak levou seu partido ao pior resultado desde sua fundação em 1834 faltando a definição de apenas 2 dos 650 assentos da Câmara dos Comuns até as 7h30 de Brasília desta sexta, a sigla já tinha perdido perdeu 251 lugares em relação a 2019 e seria representada por 121 parlamentares na nova configuração do Legislativo.
Líder do Partido Trabalhista, o grande vencedor do pleito, Keir Starmer será o novo premiê e encerrará um ciclo de 14 anos de governos conservadores. A legenda contará com 412 cadeiras (a definir ainda mais duas) e vai governar com ampla maioria. Em terceiro lugar ficaram os liberais democratas, com 71 assentos. A sigla de ultradireita Reform UK, do polêmico Nigel Farage, teve desempenho abaixo do esperado e conseguiu apenas 4 assentos, ante 13 a 15 nas projeções. Farage, ao menos, conseguiu pela primeira vez se eleger ao Parlamento.
Poucas horas antes, no meio da madrugada local (fim da noite de quinta para sexta em Brasília), Sunal estava em seu distrito eleitoral, em Richmond e Northallerton, no norte da Inglaterra, para ser informado oficialmente de que havia vencido a disputa local e mantidos sua cadeira no Parlamento britânico.
Após ser declarado reeleito membro da Câmara dos Comuns, ele fez um rápido pronunciamento e pediu desculpas aos eleitores em uma “noite difícil”. “A responsabilidade é minha”, afirmou. Sunak, pelo menos, manteve o histórico de jamais um premiê em exercício perder sua cadeira, mesmo com seu partido derrotado na votação geral do país.
Já uma ex-premiê, a conservadora Liz Truss, que durou apenas 44 dias no cargo em 2022, não foi reeleita no distrito de South West Norfolk. Ex-líder da Câmara dos Comuns e até então uma das cotadas para chefiar o partido com a saída de Sunak, Penny Mordaunt também foi derrotada pelos trabalhistas no distrito de Portsmouth North.
Na breve fala da madrugada, o premiê em retirada parabenizou seu sucessor no cargo, Keir Starmer.
Como determina a legislação eleitoral, Sunak ouviu o resultado das eleições em seu distrito ao lado dos outros candidatos inclusive nanicos e sátiras, como o “Conde Cara de Lixo”, personagem do comediante Jonathan David Harvey que se inscreveu para concorrer contra o premiê da mesma forma que havia se colocado como candidato em 2019 contra o então primeiro-ministro, Boris Johnson.
Sem um sucessor claro, começa a disputa interna no Partido Conservador para saber quem comandará a agora oposição. Penny Mordaunt, 51, era um nome forte, mas a perda de seu assento na Câmara praticamente a inviabilizou. Outra cotada era Kemi Badenoch, 44, ministra da Mulher e da Igualdade no governo Sunak e que foi reeleita no Parlamento. Uma opção por ela seria uma guinada mais radical à direita do partido. Defensora do Estado mínimo, é também conhecida por se opor a políticas de inclusão de pessoas trans entidades a criticam por manter essa posição na pasta em que ocupava no gabinete do premiê.
Redação / Folhapress