Escolha de vice pode fazer 46% mudarem o voto em São Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A escolha de uma pessoa rejeitada pelo eleitor para o cargo de vice-prefeito pode afetar o voto do morador da cidade de São Paulo no cabeça da chapa. É o que dizem 46% dos ouvidos pelo Datafolha na mais recente pesquisa do instituto na capital paulista.

Desses, 25% dizem que mudariam de voto com certeza se não concordassem com o vice escolhido, enquanto 21% afirmam que poderiam fazê-lo. Já 51% não alterariam sua escolha, enquanto 3% não souberam dizer.

Considerado muitas vezes moedas de troca ocasionais, os escolhidos não raramente acabam na cadeira principal: foi o que aconteceu com Gilberto Kassab (PSD, então no PFL) em 2006, quando José Serra (PSDB) deixou o cargo para disputar o governo estadual, e com o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que assumiu após a morte de Bruno Covas (PSDB) em 2021.

Kassab, hoje manda-chuva do PSD e secretário de Governo da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), acabou reeleito em 2008, enquanto Nunes busca o mesmo na corrida ora empatada com o deputado Guilherme Boulos (PSOL).

Exemplos outros abundam na história brasileira, como a traumática passagem da ditadura para a democracia em 1985 lembra, com José Sarney assumindo o cargo ganho indiretamente por Tancredo Neves, que morreu antes de tomar posse.

A escolha do vice de Nunes embutiu certa polêmica. O prefeito resistia aos apelos do PL mais radical pela vaga, temendo contaminar-se pela rejeição que existe ao ex-presidente Jair Bolsonaro na capital. Ocorre que o bolsonarismo segue forte, e viu na entrada do ex-coach Pablo Marçal (PRTB) na disputa uma oportunidade para forçar sua mão.

Com isso, está indicado à vice um coronel linha-dura da PM paulista, Ricardo Mello Araújo, que comandou a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a temida elite da tropa) e chefiou a Ceagesp sob Bolsonaro. Aliados de Nunes torceram o nariz, mas engoliram a manobra.

Boulos teve um caminho mais suave. Como o PT pela primeira vez abriu mão de concorrer em favor de um parceiro na capital, a vice automaticamente ficou com o partido de Lula -que, em mais um “dedaço”, designou a ex-prefeita Marta Suplicy, que estava a caminho de volta ao petismo, ao posto.

A cadeira, por sua vez, está no centro do balé em curso entre José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB). A deputada patrocinou a ida do apresentador para o PSDB na esperança de tê-lo como vice, trazendo o que sobrou da estrutura do partido que venceu o mais recente pleito municipal na capital.

Só que Datena pensou diferente, ao estrear na corrida numericamente acima da então aliada, que agora já aponta a quem quiser ouvir que se considera traída pelo neotucano. Entre dirigentes petistas, há até quem sonhe com Tabata como vice, mas isso implicaria uma aliança improvável com o PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin.

No restante do Brasil, o Datafolha fez a mesma pergunta em outras capitais, colhendo percentuais algo diferentes. No Rio, há um empate entre quem mudaria o voto (48%) e quem não o faria (47%). Em Belo Horizonte, 53% fariam outra e escolha e 43%, manteriam a opção, enquanto em Recife os índices se invertem: 59% disseram não e 40%, sim.

O Datafolha ouviu 1.092 eleitores de 2 a 4 de julho, num levantamento encomendado pela Folha com margem de erro de três pontos para mais ou menos. A pesquisa tem registro SP-01178/2024 no Tribunal Superior Eleitoral.

IGOR GIELOW / Folhapress

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