BELÉM, PA (FOLHAPRESS) – Em uma expedição na floresta da Estação Ecológica do Jari (Esec Jari), em Almeirim, no interior do Pará, o fotógrafo Loiro Cunha identificou em uma caverna supostas gravuras que, até então, não haviam sido notadas por funcionários que caminham por lá.
A descoberta ocorreu após o fotógrafo, que também é cineasta, desconfiar que no chão do lugar havia indícios de fogo. Ele revirou o local e se deparou com as possíveis pinturas rupestres.
Os registros aconteceram em agosto do ano passado, mas foram divulgados só neste ano. A estação pertence ao Instituto de Conservação Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio).
Cunha disse ter ficado na região por dez dias e, no último, foi até a caverna.
“Fui subindo e, quando cheguei ao teto da caverna, olhei e vi uma representação humana perfeita”, lembra ele. “Aquele momento foi muito emocionante.”
“Quando perguntei sobre as pinturas rupestres, eles [equipe do ICMBio] não tinham dados e nem registros na região”, acrescentou ele.
Em seguida, o fotógrafo escreveu uma carta ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) solicitando que uma pesquisa fosse feita no local.
Segundo o Iphan, a caverna ainda é desconhecida e nenhum estudo foi efetuado ali.
O arqueólogo Lúcio Costa Leite, gerente do Núcleo de Pesquisa Arqueológica do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa), diz que a existência de arte rupestre não é inédita na região. Ele defendeu, porém, a realização de estudos na caverna para examinar as supostas gravuras rupestres, que apresentariam uma figura com característica humana.
O analista ambiental da Esec Jari, Marcus Santos, afirma que na estação há uma floresta amazônica extremamente preservada, sem indícios de crime ambiental e de pouca acessibilidade.
“Por isso, a capacidade de preservação das pinturas é grande”, diz Santos. “Um lugar onde a visitação em si é proibida, a não ser com finalidades educacionais.”
Para Cunha, a descoberta é fundamental para entendermos o passado e, assim, respeitar o futuro e o presente.
CAIO COUTINHO / Folhapress