RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O volume de vendas do varejo no Rio Grande do Sul cresceu 1,8% em maio, na comparação com abril, indicam dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O desempenho positivo foi confirmado apesar das restrições provocadas pelas enchentes de proporções históricas no estado. A tragédia ambiental paralisou pontos comerciais de diferentes regiões gaúchas em maio.
Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, associou o resultado a dois fatores. O primeiro foi a corrida de consumidores gaúchos a hiper e supermercados diante do temor de desabastecimento de produtos.
O segundo foi o impacto das doações de itens vendidos nesses estabelecimentos e em lojas de ramos como calçados e eletrodomésticos.
“Em hiper e supermercados, tem dois efeitos, de corrida aos mercados para compras emergenciais e de doações, um efeito que também explica calçados e eletrodomésticos. Isso acaba se espalhando”, afirmou Santos.
O IBGE disse que não é possível detalhar as variações de cada atividade comercial no Rio Grande do Sul, uma vez que não há uma série ajustada para cada um dos ramos nos recortes das unidades da Federação.
Varejo brasileiro cresce e surpreende mercado
Segundo o instituto, o desempenho gaúcho contribuiu para uma alta de 1,2% no volume de vendas do varejo brasileiro em maio, na comparação com abril. Com isso, o ponto mais alto da série nacional, que havia sido registrado em abril, foi deslocado para maio.
O resultado surpreendeu o mercado financeiro. A expectativa de analistas consultados pela agência Reuters era de recuo de 0,9%.
“Em 2024, o varejo registrou cinco pontos positivos, com atingimento do nível recorde da série a partir de março, que se renovou em abril e maio”, declarou Santos.
“Esse desempenho dos últimos meses está muito focado em hiper e supermercados e artigos farmacêuticos, que também atingiram seus níveis máximos em maio”, completou o pesquisador.
A série histórica da PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) traz dados desde 2000. O levantamento do IBGE investiga empresas com 20 ou mais pessoas ocupadas.
“Por um lado, o impacto das enchentes [no RS] gera uma demanda de reposição dos bens perdidos, justamente dos setores que mais contribuíram para o desempenho do mês”, disse André Valério, economista sênior do banco Inter.
Conforme o IBGE, o varejo brasileiro teve alta de 8,1% ante maio do ano passado. Nesse recorte, a estimativa de analistas consultados pela Reuters era de 4%.
“O resultado traz um viés de alta para o PIB do segundo trimestre, ao indicar um impacto limitado da enchente do Rio Grande do Sul nas vendas no varejo”, afirmou o Bradesco em nota.
“As aberturas mais ligadas à renda confirmam a resiliência no consumo das famílias, principalmente explicadas pela dinâmica aquecida do mercado de trabalho.”
Na comparação com abril, 5 das 8 atividades pesquisadas no varejo ficaram no campo positivo em maio.
As principais influências sobre o resultado geral foram exercidas por hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,7%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,6%).
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, materiais de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas cresceu 0,8% ante abril. Nesse caso, o Rio Grande do Sul teve baixa de 2,8%.
Valério, do banco Inter, diz que a reposição de carros perdidos nas enchentes terá uma demanda de reposição mais tardia no estado. As inundações também devastaram concessionárias de veículos.
LEONARDO VIECELI / Folhapress