Após comemorar carne na cesta básica, Haddad diz que foi ‘parcialmente derrotado’

Hugo Barreto/Metrópoles

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após comemorar comemorar com a primeira-dama, Janja, a inclusão da carne na cesta básica nacional, que zerou o imposto sobre o produto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (12) que a decisão dos deputados na votação da reforma tributária foi uma derrota.

O ministro defendia a adoção de um cashback como alternativa para a carne não isenta. Nessa proposta, o dinheiro seria devolvido para os inscritos no Cadastro Único. Da maneira como foi aprovada, a medida vai beneficiar as classes mais altas, que mais consomem carne, além dos grandes restaurantes.

“Toda exceção, de certa maneira, acaba prejudicando a reforma tributária, porque a alíquota padrão vai subindo”, disse Haddad, que participou de uma sabatina na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), em São Paulo, durante o 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. Haddad foi entrevistado pelas jornalistas Miriam Leitão (GloboNews e O Globo), Basilia Rodrigues (CNN) e Nathalia Freut (SBT).

“O cashback era uma alternativa boa, ao invés de zerar o imposto da carne”, afirmou. “Mas o ministro da Fazenda ou é derrotado ou ele é parcialmente derrotado. Não existe alternativa de o ministro da Fazenda ganhar”, disse. O PT e o PL se uniram na Câmara para votar pela inclusão da carne na cesta básica nacional.

Haddad lembrou que a carne não é tributada pelo governo federal, com os impostos do PIS e Cofins, mas sim pelos estados, com a cobrança de ICMS.

“O Brasil é um país patrimonialista, em que os grupos de interesse se apossam do Estado brasileiro desde o fim do Império”, afirmou. “A partir do momento em que você não tem mais a possibilidade de guerra fiscal entre os Estados e a União, você vai minando a possibilidade de, no futuro, esses grupos de interesse se apropriarem de parte do orçamento.”

BC MERECE AUTONOMIA FINANCEIRA, DIZ MINISTRO

Questionado sobre a percepção das ruas de que o governo vai bem, mas a economia vai mal -apesar dos indicadores de emprego e renda em alta-, Haddad disse que isso se deve a um problema de comunicação, e que existe muita atividade nas redes sociais em favor da desinformação.

“Eu penso que nós temos que acertar a comunicação e tomar atitudes que comprovem que estamos cumprindo os nossos compromissos históricos”, afirmou.

O ministro minimizou as críticas de Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizendo apenas que a discussão não deveria ter resvalado para o arcabouço fiscal. Na opinião de Haddad, é válida a autonomia financeira do Banco Central, mas não a independência completa.

“Nós entendemos que transformar o Banco Central em uma empresa, de direito privado, não vai ser bom. Nós entendemos o caminho é outro”, afirmou. Haddad é a favor de discutir a autonomia financeira do BC, o que daria chance para a instituição investir em tecnologia e qualificar seus funcionários, além de melhorar a interlocução com o setor regulado.

“Isso seria excelente. Mas devemos discutir essas ideias um pouco melhor, com mais tempo.”

DANIELE MADUREIRA / Folhapress

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