SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O contrato de concessão da linha 15-Prata do Metrô de São Paulo entre o governo estadual e o grupo empresarial CCR será revogado, informou nesta sexta-feira (12) a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A concessionária confirmou a decisão e comunicou que não irá se opor à revocação.
Único participante de um processo de licitação que durou de 2017 a 2019, o Grupo CCR adquiriu o direito de operar a linha por 20 anos, mas não chegou a assumir o sistema.
O certame foi contestado por uma ação judicial movida pelo Sindicato dos Metroviários. Ainda em 2019, a Justiça paulista determinou o cancelamento da licitação, mas recuou parcialmente, em 2022, ao anular a decisão de primeira instância, sem definir se a concessionária poderia operar o serviço.
Agora, a gestão Tarcísio e o Grupo CCR comunicam a desistência de seguir adiante na disputa, dando desfecho ao caso.
Sexta linha do Metrô paulistano, a 15-prata é a única em que os trens trafegam por um único trilho, em vez de dois. O monotrilho faz a ligação entre as estações Vila Prudente e Jardim Colonial, na zona leste da capital.
É o único monotrilho em funcionamento entre as obras previstas para a expansão do sistema quando São Paulo foi anunciada como uma das sedes da Copa do Mundo de futebol masculino de 2014. Ainda assim, não ficou pronto a tempo do mundial e até hoje apenas 11 estações das 18 prometidas foram concluídas.
Dez anos após a competição, o governo estadual promete que está encaminhando a entrega do segundo monotrilho da capital, que fará a ligação do sistema com o aeroporto de Congonhas, na zona sul. Até o momento, a Linha 15-ouro tem apenas um trem no pátio. A inauguração está prevista para 2026.
Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários, diz que a decisão do governo estadual era esperada devido à dificuldade técnica de operação e elevados custos de manutenção do monotrilho.
Ela também afirma que a escolha pelo modal foi equivocada e que o projeto possui uma série de equívocos que resultaram em diversos acidentes. “Esperamos que a operação fique definitivamente com a empresa pública Metrô e que o governo faça os devidos investimentos”, diz.
A gestão Tarcísio não informou se fará uma nova licitação.
Além de diversas falhas de operação que provocam transtornos aos passageiros, acidentes com razoável potencial de gravidade ocorreram nos últimos anos no monotrilho da zona leste.
Em setembro de 2022, um bloco de concreto caiu de uma altura de 15 metros sobre uma ciclovia na avenida Luiz Inácio Anhaia Mello, na zona leste da capital.
Em 2020, o estouro de um pneu lançou uma placa de metal que caiu na avenida Sapopemba e paralisou a linha durante cerca de cem dias.
Em janeiro de 2019, dois trens se chocaram na estação Jardim Planalto. Um dia depois, um equipamento chamado terceiro trilho se soltou e ficou pendurado a 15 metros do solo. Depois, o muro de uma das novas estações desabou sobre a escada que dá acesso à plataforma.
Procurado pela reportagem, o Grupo CCR informou que não contestará a decisão do governo.
“O Grupo CCR confirma que não se oporá à revogação da licitação e aguarda a oficialização da decisão. A companhia está sempre atenta e aberta a estudar novas oportunidades que venham ao mercado”, diz, em nota.
Também por meio de nota, a Secretaria de Parceria em Investimentos do governo estadual comunicou que “a concessionária informou ao governo não se opor à revogação, já prevista pelo estado, da licitação realizada anteriormente para concessão da Linha 15-prata de monotrilho”.
CLAYTON CASTELANI / Folhapress