Bebês do tetra foram de decepção em Flamengo e Vasco a lampejo na seleção

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Das comemorações icônicas que marcaram a campanha da seleção brasileira no tetra, o “embala neném” puxado por Bebeto — acompanhado por Romário e Mazinho —foi, até certo ponto, premonitório.

Os três filhos homenageados contra a Holanda viraram jogadores. Mas a carreira do trio não passou nem perto de uma Copa do Mundo.

Inegavelmente, Mattheus Oliveira, Rafinha e Romarinho tiveram que lidar com o peso da linhagem futebolística, sem nunca se aproximarem do que os pais fizeram em campo —individualmente e coletivamente.

Mattheus nasceu dois dias antes daquela comemoração eternizada pelo pai. Romarinho nem tinha completado 1 ano (é de setembro de 1993). E Rafinha Alcântara era mais “experiente”, porque nasceu em fevereiro de 1993. Thiago, o irmão que brilhou por gigantes europeus, já era um “jovem” de três anos.

No embalo do gol que abriu o caminho da vitória brasileira, a comemoração virou marca registrada de Bebeto. Não foi de caso pensado. Mas foi a explosão de um pai com saudade, que não conseguiu acompanhar o nascimento do filho porque estava na Copa.

“Onde eu ando no mundo as pessoas lembram dessa comemoração, fazem o gesto, principalmente quando eu estou com o meu pai. Quando as pessoas veem a gente juntos, param o meu pai: “Pô, esse aí é o bebê do tetra? Faz o gesto aí para a gente”, disse Mattheus, em entrevista ao UOL.

Mattheus foi formado na base do Flamengo. A relação dele com a bola foi mais intensa do que o irmão, Roberto, que hoje trabalha na CBF, mas mergulhou no mundo do futebol só fora de campo.

Os primeiros passos com a bola foram na escolinha do ex-zagueiro Gonçalves. Depois, veio o período no futsal do Flamengo, a transição para o campo e, em 2012, a estreia pelo profissional no clube.

Mas ele nunca emplacou. A época era de vacas magras. O jogo mais marcante negativamente foi a semifinal da Copa do Brasil 2014. Mattheus não atuou naquela campanha, até a decisão contra o Atlético-MG. Foi a campo quando o time ainda perdia por 2 a 1. O Flamengo levou 4 a 1, e o Galo avançou.

A carreira de Mattheus em Portugal foi melhor. Passou a atuar mais recuado, rodou por Estoril, Vitória de Guimarães, Sporting, Mafra e, por último, Farense. Neste mês, foi anunciado pelo Khor Fakkan, dos Emirados. Como? Com um vídeo que começa com a comemoração de Bebeto em 1994.

“No Brasil, é muito complicado você ser filho de alguém como o meu pai. Eu sempre tentei separar ao máximo. Eu tenho muito orgulho ser filho de quem eu sou. Mas eu queria caminhar com minhas próprias pernas na carreira. Meu pai era atacante. Eu não sou atacante. Sou armador. Em Portugal, mais um segundo volante do que um 10. Mas no Brasil é muito complicado”, complementou.

ROMÁRIO TENTA REALIZAR SONHO COM O FILHO

Se Mattheus conseguiu abrigo no exterior, a carreira de Romarinho é bem mais tímida. Um atacante de poucos gols, ao contrário do pai, clubes de divisões inferiores e nada de concretização da expectativa que ele carregava, pelo nome, na base do Vasco.

Brasiliense, Macaé, Zweig, Kanazawa (JAP), Tupi, Figueirense, Maringá, Joinville, Novo Hamburgo, Icasa, Blumenau, Atlético Catarinense e até o Club Destroyers, da Bolívia. A lista de camisas vestidas por ele é longa.

Romarinho hoje está no América, presidido pelo próprio Romário. O Baixinho até voltou a ter contrato ativo só para realizar o sonho de jogar ao lado do filho. Mas o momento do time na Segundona do Carioca não ajuda.

CRIA DO BARÇA, RAFINHA FOI CAMPEÃO OLÍMPICO

Dos três, Rafinha inegavelmente foi quem se saiu melhor. E olha que o irmão Thiago Ancántara, dois anos mais velho, teve ainda mais destaque. Os filhos de Mazinho se tornaram cidadãos do mundo.

Com Thiago, houve um desentendimento com a CBF que o afastou ainda mais da seleção na base. A Espanha abraçou o garoto.

Mas Rafinha quis jogar pelo Brasil. E conseguiu, em 2015, quando fez dois amistosos sob o comando de Dunga. Mas jamais chegou perto de ir a uma Copa do Mundo. Viveu de lampejos, tendo sido convocado pela última vez em 2018.

A conquista mais significativa foi o ouro olímpico na Rio-2016, concretizado no Maracanã, numa equipe sub-23 reforçada por Neymar, Weverton e Renato Augusto.

Formado pelo Barcelona, Rafinha jamais atuou por clubes brasileiros. Foi bem no Celta de Vigo, chegou a ser emprestado para a Inter de Milão, passou pelo Paris Saint-German, Real Sociedad e, mais recentemente, Al-Arabi, do Qatar.

Ao longo da carreira, as lesões atrapalharam seu desenvolvimento e sequência. No momento, está sem clube. Mas, diferentemente do irmão, ainda não anunciou aposentadoria.

IGOR SIQUEIRA / Folhapress

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