Lula diz a pessoas com deficiência ler discurso para evitar gafe

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira (17) que vai ler discurso para evitar gafe e que precisa aprender com plateia de pessoas com deficiência.

A declaração foi dada durante a solenidade de encerramento da 5ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O presidente já foi criticado, inclusive por apoiadores, por falas consideradas capacitistas.

Segundo Lula, o alerta foi dado pela primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja.

“A Janja falou ‘amor, tome cuidado com cada palavra que você vai falar, porque essa gente tem a sensibilidade aguçada'”, disse, sob aplausos da plateia.

“Então, eu decidi ler para não falar nenhuma palavra que possa me criar problema. Também se eu falar alguma palavra, vocês sabem que nesse assunto vocês são especialistas, vocês sabem que eu sou um analfabeto e preciso aprender muito com vocês pra gente aprender a cuidar de vocês com carinho e respeito necessário”, afirmou.

Lula também falou sobre a importância da conferência e o fato de o evento ter ficado sete anos sem acontecer. Também destacou a luta anticapacitista.

O presidente já foi acusado de gordofobia e capacitismo em outras ocasiões. No ano passado, por exemplo, ele disse que não seria visto usando andador ou muleta após uma cirurgia que fez.

PRESIDENTE CITA CASO DE TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO

Lula disse que chamará ministros para saber o que pode ser feito no caso da mulher de 50 anos que estava supostamente em trabalho análogo à escravidão na casa do desembargador Jorge Luiz de Borba, de Santa Catarina. A mulher é surda e virou um dos principais símbolos da conferência desta quarta-feira.

Em setembro do ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) havia autorizado o retorno dela para a casa do juiz.

A mulher foi encontrada pela Polícia Federal na residência do desembargador, no bairro Itacorubi, em Florianópolis. Segundo as investigações, ela vivia em um quarto com mofo nos fundos da casa e teria feito trabalho doméstico por duas décadas. Borba nega que tenha submetido a funcionária condições degradantes.

“Como é que pode haver decisão para que essa pessoa voltasse para a casa? Em nome do quê? Em defesa do quê? Não quero criminalizar e julgar, mas a casa em que ela trabalhava era de desembargador”, disse o presidente.

“Quero dizer para você que me interessei pelo caso e vou consultar alguns ministros para saber o que de fato está acontecendo”, completou.

MARIANNA HOLANDA / Folhapress

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