BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG), pré-candidata à Prefeitura de Belo Horizonte, apagou uma publicação em uma rede social em que afirmava ser contra abandonar o cargo para disputar outra eleição.
A informação da exclusão do conteúdo foi confirmada pela assessoria da deputada.
“É uma postagem de quatro anos atrás. Dois anos após a postagem, fui eleita deputada federal, fato que exemplifica que a postagem não fazia sentido, por isso a deletamos. Minha prioridade continua sendo fazer o melhor por Belo Horizonte”, disse a deputada, em nota.
Na publicação, Salabert dizia ser “contra abandonar o cargo para disputar outra eleição. Caso eleita, não disputarei daqui dois anos outro cargo. Meu compromisso é com BH, com os problemas da cidade e com a organização do campo progressista daqui. Assim, cumpriria os quatro anos de vereadora de BH”.
Em 2020, Salabert foi a vereadora mais votada em Belo Horizonte, com 37.613 votos. Dois anos depois, concorreu ao cargo de deputada federal, quando foi eleita com 208 mil votos. Em fevereiro de 2023, deixou o mandato de vereadora para assumir a cadeira no Congresso Nacional.
Pré-candidata para as eleições deste ano, Salabert tem citado sua posição nas pesquisas eleitorais para afirmar que é a postulante mais competitiva da esquerda e que não irá retroceder em sua intenção de concorrer à Prefeitura.
Na mais recente pesquisa Datafolha, divulgada no dia 5 de julho, Salabert aparece com 10% das intenções de voto, enquanto o deputado Rogério Correia (PT) pontuou 8%. Com margem de erro de quatro pontos percentuais, os dois estão tecnicamente empatados.
Correia ainda tenta atrair Salabert a uma eventual chapa única da esquerda para as eleições de Belo Horizonte e, para isso, deixa a vaga de vice em aberto.
O petista defende que as pesquisas não devem ser o único critério para a escolha da cabeça de chapa e cita ser o candidato escolhido pelo presidente Lula (PT) como trunfo para angariar o apoio da esquerda.
Na semana passada, as deputadas estaduais Bella Gonçalves (PSOL) e Ana Paula Siqueira (Rede), que eram pré-candidatas, anunciaram apoio à candidatura de Correia, que passou a reunir cinco partidos (PT, PV, PC do B, PSOL e Rede) em torno do seu nome.
O presidente do PDT em Minas Gerais, deputado federal Mário Heringer, descartou a possibilidade de o partido apoiar outro candidato nas eleições enquanto Salabert mantiver o interesse em concorrer no pleito.
“A esquerda ainda vê a Duda de maneira estigmatizada, preconceituosa. Ela é muito mais que uma personagem trans a que as pessoas estão querendo restringi-la. A Duda tem mais voto que os outros candidatos e eles querem que ela seja a vice”, afirmou Heringer à Folha de S.Paulo.
Em meio à pressão sobre Salabert, entidades e movimentos sociais ligados à causa trans elaboraram uma carta em que manifestam apoio à deputada e defendem a manutenção de sua candidatura.
No documento, os signatários afirmam que a política exclui pessoas LGBTQIA+ de seus espaços decisórios e citam como exemplo a Câmara dos Deputados, que em toda a sua história só teve duas travestis eleitas -Duda e Erika Hilton (PSOL-SP).
A disputa deste ano em Belo Horizonte é considerada como uma das mais emboladas do país. São mais de dez pré-candidatos que concorrem no terceiro maior colégio eleitoral do país.
O deputado estadual e apresentador de TV Mauro Tramonte (Republicanos) aparece à frente nas pesquisas de intenção de voto. A corrida eleitoral também deve contar com o atual prefeito, Fuad Noman (PSD) e o deputado estadual Bruno Engler (PL), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O governador Romeu Zema (Novo) diz apoiar a ex-secretária de seu governo Luísa Barreto (Novo).
ARTUR BÚRIGO / Folhapress