Todos os anos escutamos que é muito importante os idosos tomarem a vacina da gripe. Mas você sabe realmente por quê? Basicamente por causa de um fenômeno chamado imunossenescência, que é a queda das defesas imunológicas ocorrida com avanço da idade, somada a comorbidades como diabetes e pressão alta, entre outras. Estes dois fatores afetam diretamente o sistema imunológico dos idosos, deixando-os mais propensos a adoecer de forma grave em caso de uma infecção de gripe.
“O sistema imunológico nasce imaturo no bebê, por isso, eles recebem mais vacinas até os dois anos de idade. Com o tempo este sistema adquire maturidade, passando a reconhecer o que é estranho e gerando uma resposta imune que reconhece o vírus influenza e traz uma resposta protetora. Com a imunossenescência e as comorbidades, essa resposta pode ficar prejudicada nos idosos”, afirma a gestora médica de Desenvolvimento Clínico do Butantan, Carolina Barbieri.
A vacina da gripe, por sua vez, age para estimular a produção de anticorpos contra diferentes tipos de vírus influenza e é comprovadamente eficaz para evitar sintomas intensos e diminuir o risco de hospitalizações e mortes de idosos. “Mesmo se o idoso contrair influenza, quando ele toma a vacina os sintomas tendem a ser menos importantes, com menos complicações, menos hospitalizações e menos óbitos, além de gerar menor descompensação das doenças de base”, esclarece a gestora médica.
Por serem considerados um grupo vulnerável, os idosos são sempre os primeiros a receber a vacinação quando começa a campanha nacional. “Mesmo que a resposta vacinal não seja a mesma dos adultos mais jovens, devido à imunossenescência, há estudos que mostram que os idosos que tomam a vacina têm muito menos complicações por influenza, menos hospitalizações e menos óbitos”, afirma Carolina Barbieri.
Tomar a vacina traz outra vantagem: idosos no geral tendem a ter uma recuperação mais difícil ao contraírem doenças infecciosas, por isso, tomar a vacina da gripe evita sintomas mais fortes que impedem uma pronta recuperação.
“Uma infecção por influenza pode impactar o retorno de funcionalidades, de autonomia, de força muscular. Não é à toa que 70% das internações por influenza são de pessoas acima de 60 anos e a maior causa de óbito pela doença está nessa população no Brasil. Por isso, a vacina é extremamente importante para essa faixa etária”, ressalta a gestora médica.
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em decorrência da influenza A é a maior causa de morte de idosos com doenças respiratórias neste ano, segundo o boletim do InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O cantor Lulu Santos, de 71 anos, foi hospitalizado no Rio de Janeiro recentemente após contrair a doença e fez um vídeo se lamentando por ter esquecido de tomar a vacina. “Não desejo isso a ninguém”, disse ele ao pedir ao público que se vacine contra a gripe.
Evita a piora de doenças
Outro problema que envolve a influenza em idosos não vacinados é que o vírus tende a descompensar as comorbidades. Isto é, além de adoecer de gripe, o diabetes, a pressão alta e outros problemas crônicos de saúde podem piorar. Situações como essa aumentam o risco de o idoso desenvolver a SRAG e poder ir a óbito. Como a vacina Influenza tende a minimizar os sintomas, a recomendação é que se o imunizante seja aplicado o quanto antes, mesmo para quem já teve sintomas gripais neste ano.
“A gripe é um conjunto de sinais e sintomas que podem ser causados pelo vírus influenza, mas há outros vírus respiratórios que têm sintomas semelhantes, como rinovírus, adenovírus, coronavírus, parainfluenza, vírus sincicial respiratório. A vacina Influenza ajuda a evitar o agravamento dos casos provocados pelo vírus da gripe”, afirma Carolina. Vale lembrar que o produto é trivalente, ou seja, é capaz de proteger contra três cepas diferentes do patógeno causador da gripe.
Vacine-se na unidade de saúde mais próxima
A vacina Influenza está disponível nas unidades básicas de saúde do país para todos acima dos 6 meses de idade. Além dos idosos, são grupos prioritários do imunizante crianças de 6 meses a menores de 6 anos; gestantes; puérperas e pessoas em situação de rua, entre outros públicos. Crianças que vão receber o imunizante pela primeira vez devem tomar duas doses, com um intervalo de 30 dias.
O Ministério da Saúde adiantou a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe em novembro do ano passado na região Norte e começou nas demais regiões em março deste ano. Mas até o dia 3 de julho tinha alcançado uma cobertura vacinal de apenas 44% da população em geral e 43% de cobertura dos idosos, segundo a Rede Nacional de Dados em Saúde, do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse indicador está bem abaixo da meta do governo, que é de vacinar 90% do público-alvo.