SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A jornalista e ex-apresentadora da Globo Janaína Xavier, 46, afirma que não se arrepende das declarações concedidas ao podcast Benja me Mucho. No programa, disse que “teve um certo momento em que eu estava me sentindo tratada como ‘você é muito bonita para estar aqui'”, e que a emissora teria optado por inserir nas atrações “a menina mais cheinha”. Falou também que “a bonita não servia mais” em determinado momento em que trabalhou no canal.
Em conversa com a Folha de S.Paulo, Janaína afirma que muita gente não teria entendido o contexto de suas falas e só tem se baseado em cortes virais das redes sociais. Também diz que nos últimos dias bloqueou “meia dúzia de ignorantes”, mas agradeceu “centenas de mensagens de pessoas que assistiram à entrevista inteira e por óbvio entenderam o raciocínio”.
“Lamento a alienação das pessoas que assistem a cortes e criticam sem ouvir o todo, e o pior disso são os que se dizem jornalistas e publicam manchetes mentirosas e irresponsáveis”, diz.
A profissional rebate títulos de reportagens sobre ela ter dito que teria sido demitida por ser bonita, e conta que foi afastada durante a sua gestação na pandemia. “Depois da minha licença-maternidade, a minha vaga havia sido ocupada em definitivo. Eles não tinham aonde me encaixar e decidiu-se pela demissão.”
Quanto à fala sobre os padrões de beleza impostos na televisão e que gerou certo burburinho, a apresentadora diz que nem antigamente nem nem agora, a capacidade da profissional é avaliada como principal critério.
“E repito: hoje em dia, raça, sexualidade e posicionamento político são, sim, avaliados de forma prioritária na maioria dos RHs desse país. Serei sempre defensora da meritocracia e dos cargos conquistados pela eficiência e não pelas características físicas, sejam elas quais forem”, reforça.
A declaração da ex-apresentadora da Globo tem repercutido nas redes sociais. Enquanto uma parte defende o que ela disse, outra repudia. Em alguns casos, há quem tenha avaliado a declaração como racista depois de ela dizer que uma empresa sempre vai optar por escolher, por exemplo, uma mulher preta a uma branca.
“Há mensagens de pessoas pretas que concordam comigo. Quem me chama de racista certamente não assistiu toda a entrevista. Eu falei sobre critérios, e a cor da pele é um deles, assim como sexualidade, dentre outros que na minha opinião, não deveriam estar no topo da lista antes da capacidade do profissional”, pontua.
Segundo Janaína, os comentários maldosos, que ela afirma serem uma minoria, existem muito pela irresponsabilidade das publicações na imprensa. “São elas que incentivam o olhar distorcido de muita gente. Não me arrependo [das falas]. Sei quem eu sou, quem me conhece também sabe, e quem é intolerante vai sempre atacar”, completa a jornalista.
LEONARDO VOLPATO / Folhapress