RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta quinta-feira (18) de um ato em Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense, que está no foco de investigação da Polícia Federal que apura fraudes em cartões de vacinação, incluindo o do ex-mandatário.
Bolsonaro dividiu palanque com o ex-prefeito Washington Reis (MDB), atual secretário estadual de Transportes do governador Claudio Castro (PL), que exaltou a gestão do ex-presidente em meio à pandemia. O sobrinho de Washington, Netinho Reis (MDB), é pré-candidato a prefeito.
Washington foi alvo de busca e apreensão no último dia 4, em investigação da PF que apura fraude em cartões de vacinação, incluindo o de Bolsonaro.
Alexandre Ramagem, pré-candidato a prefeito do Rio, esteve no ato em Caxias, sem discursar. O deputado falou rapidamente a jornalistas que respondeu a todas as perguntas da PF feitas durante o depoimento de quarta.
Em discurso em Caxias, Bolsonaro voltou a ignorar as investigações da PF envolvendo seu nome e a divulgação de áudio de reunião em 2020 no âmbito de um dos inquéritos. O ex-presidente comparou ministros de sua gestão com os do governo Lula (PT) e afirmou que a derrota em 2022 “foi um divórcio onde os casais não queriam se separar”.
Ele afirmou que Netinho Reis faz parte da nova geração de políticos da direita e que é o responsável por alavancá-la. Além de Netinho, Bolsonaro citou os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Zucco (PL-RS) e Ubiratan Sanderson (PL-RS).
“Bolsonaro liberou recursos e Duque de Caxias foi a capital da vacina. Salvamos milhares de pessoas”, disse Washington Reis no palanque ao lado de Bolsonaro.
“Por onde o senhor anda tem uma marca do senhor. Eu desafio na história do Brasil se algum outro presidente da República fez mais por nós do que Jair Bolsonaro.”
Em outra apuração, esta sobre suspeita de fraudes no cartão de vacinação, Reis foi alvo neste mês de busca e apreensão da PF. Foram encontrados na casa do ex-prefeito cerca de R$ 160 mil, além de dólares e euros. A polícia também apreendeu dois pen drives, cinco celulares e um HD externo.
Célia Serrano, secretária de Saúde do município, também foi alvo.
Em nota divulgada em suas redes sociais à época, Washington ligou a operação à polarização política. “Estou ciente dos desafios enfrentados pelo nosso país em meio a uma polarização política intensa. O ano de eleições traz consigo muitas tensões e, infelizmente, também covardias.”
Em março, a PF indiciou Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), irmão de Washington, no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas de Covid-19.
Eles foram indiciados sob suspeita pelos crimes de inserção de dados falsos em sistema público e associação criminosa.
Segundo suspeita da PF, dados falsos de vacinação foram inseridos em registros do SUS do ex-presidente para emitir um certificado. A PF já cumpriu mandado de busca e apreensão no endereço de Bolsonaro e de prisão contra Mauro Cid e Max Guilherme, outro ex-assessor de Bolsonaro.
Enquanto prefeito, Reis foi criticado pela condução na campanha de vacinação. O Ministério Público estadual chegou a abrir um procedimento em 2021 para analisar o pedido de intervenção estadual na saúde da cidade após Reis descumprir sucessivas decisões judiciais que determinavam o respeito ao Plano Nacional de Imunização.
De acordo com a Promotoria, a prefeitura não atendeu aos critérios de prioridade definidos pelo Ministério da Saúde na ordem de vacinação. A cidade teve longas filas, aglomeração e descumprimento da ordem prioritária de idade.
YURI EIRAS / Folhapress