SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em queda firme nesta sexta-feira (19), com investidores repercutindo o anúncio de contingenciamento de gastos do governo federal no início da noite de quinta. Também estava no radar o apagão cibernético que afetou operações de diversos setores ao redor do mundo.
Às 9h40, a moeda norte-americana perdia 0,78%, cotada a R$ 5,544 na venda.
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) anunciou bloqueio de R$ 11,2 bilhões e contingenciamento de R$ 3,8 bilhões no Orçamento deste ano, após reunião entre ministros que integram a JEO (Junta de Execução Orçamentária) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os novos cortes virão no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do terceiro bimestre, que será publicado na próxima segunda-feira (22) e que trará detalhes de como o Executivo pretende cumprir a meta de déficit zero neste ano.
O governo já havia anunciado um corte de R$ 25,9 bilhões para 2025 e deixou aberta a possibilidade de antecipar mais bloqueios para 2024. A nova contenção vem na esteira de dias de turbulência nos mercados, com agentes econômicos cautelosos quanto ao compromisso fiscal do governo.
Segundo o ministro, o anúncio desta quinta é para “evitar especulação”.
O mercado ainda tinha no radar o apagão cibernético que atingiu sistemas ao redor do mundo no início da manhã desta sexta. A pane generalizada afetou bancos, companhias aéreas, emissoras de TV, supermercados, entre outros serviços.
Uma atualização de um produto oferecido pela empresa global de segurança cibernética CrowdStrike pareceu ser o gatilho, afetando clientes que usam o sistema operacional Windows, da Microsoft.
O problema foi corrigido, segundo a Microsoft, mas o impacto residual dos problemas de segurança cibernética continua afetando alguns aplicativos e serviços do Office 365.
Já o presidente-executivo da CrowdStrike afirmou estar trabalhando ativamente com os clientes afetados.
“Não se trata de um incidente de segurança ou ataque cibernético. O problema foi identificado, isolado e uma correção foi implementada”, afirmou George Kurtz em um post na plataforma de mídia social X, acrescentando que os hosts Mac e Linux não foram afetados pelo problema.
As ações da CrowdStrike desabavam mais de 11% no pré-mercado da Bolsa de Nova York, e Microsoft perdia 1,26%.
Na véspera, com os temores sobre o fiscal, o dólar fechou em alta firme de 1,90%, cotado a R$ 5,588, e a Bolsa caiu 1,39%, aos 127.652 pontos, com quase todas as empresas da carteira teórica do Ibovespa no negativo.
Os agentes financeiros repercutiram as falas da ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) sobre as contas públicas. Ela afirmou que o governo tem o compromisso, determinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de não gastar mais do que arrecada, e que essa premissa deverá aparecer no Orçamento do ano que vem.
No entanto, Tebet reconheceu que atingir a meta de déficit zero no Orçamento de 2025 é uma “ginástica um pouco difícil”. A proposta orçamentária será enviada pelo Executivo ao Congresso até 31 de agosto.
“É uma ginástica e é uma ginástica um pouco difícil, porque é uma conta matemática que parece ser simples, mas não é. É uma equação onde receita menos despesa tem que dar igual a zero”, disse em entrevista ao programa “Bom dia, Ministra”, no CanalGov.
Ela ainda afirmou que gastos com saúde e educação não devem ser cortados e que o BPC (Benefício de Prestação Continuada) garantia de um salário mínimo mensal para idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência em qualquer idade é uma política “sagrada”.
Os comentários da ministra não aliviaram os temores dos investidores, instalados ainda no pregão de segunda-feira após falas de Lula à Record serem antecipadas ao mercado.
Redação / Folhapress