SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO, None (FOLHAPRESS) – A pane generalizada que atinge computadores nesta sexta-feira (19) afeta bancos, companhias aéreas, emissoras de TV, supermercados e muitos outros negócios em todo o mundo.
No Brasil, a intermitência afetou voos, sistemas de bancos e serviços de saúde, como o do Hospital das Clínicas de São Paulo. Também há relatos de problemas em serviços de distribuidoras de energia.
AEROPORTOS RECORREM A CHECK-IN MANUAL
Falhas nos sistemas de check-in de “algumas empresas aéreas” levaram essas companhias a realizarem os procedimentos de forma manual nesta sexta no aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro, segundo a Infraero.
“As empresas aéreas reportaram que esta intermitência é em nível nacional”, afirmou a estatal, que é responsável pela gestão do terminal carioca.
O Santos Dumont só opera rotas nacionais. Pouco antes das 10h45, o aeroporto contabilizava dez voos atrasados, ainda de acordo com a Infraero.
No aeroporto internacional do Galeão, na zona norte do Rio, sete voos da Azul e um da JetSmart estavam atrasados, afirmou a concessionária RIOgaleão por volta de 10h45. A empresa disse que seus sistemas operavam normalmente.
De acordo com a assessoria do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), o sistema do aeroporto não foi afetado. Porém, afirmou que os sistemas da companhia Azul estão parados e, em razão disso, há voos que ainda estão em solo esperando para decolar. Ainda não há um levantamento da quantidade de voos afetados.
A concessionária Gru Aiport afirmou que a operação do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, ocorre normalmente nesta manhã, sem atrasos ou cancelamentos em razão do apagão de dados.
O Aena informa que os sistemas de todos os 17 aeroportos sob sua gestão no Brasil em Recife (PE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Campina Grande (PB), Aracaju (SE) e Juazeiro do Norte (CE) estão funcionando normalmente e não houve impactos às operações de pouso e decolagem.
Ainda assim, segundo a empresa, por questões das companhias aéreas, até as 8h30 desta sexta-feira houve o registro de oito voos com decolagens atrasadas, sendo cinco em Recife, um em Campo Grande, um em Santarém e um Montes Claros.
A Inframerica, administradora do Aeroporto de Brasília, informa que pousos e decolagens estão ocorrendo normalmente no terminal aéreo nesta sexta-feira.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirmou que, até as 13h desta sexta, não houve impacto significativo nas operações aéreas do país, ao contrário do registrado no restante do mundo.
“No Brasil, alguns operadores aéreos relataram problemas pontuais com sistemas de check-in, o que gerou atrasos pontuais em voos.”
Para evitar transtornos, a agência orienta os passageiros a procurar as companhias aéreas para verificar a situação dos voos e a chegar aos aeroportos com antecedência maior do que a usualmente recomendada pelas empresas.
COMPANHIAS AÉREAS FALAM EM ATRASOS PONTUAIS
A companhia aérea Azul confirmou em comunicado que voos operados pela empresa podem sofrer “atrasos pontuais” devido a “intermitência no serviço global do sistema de gestão de reservas”.
“A Azul informa que, devido intermitência no serviço global do sistema de gestão de reservas, alguns voos podem sofrer atrasos pontuais. A recomendação é que os clientes que possuem voo hoje e ainda não realizaram o check-in cheguem ao aeroporto mais cedo e dirijam-se ao balcão de atendimento da companhia. A Azul lamenta eventuais transtornos causados aos clientes”, disse a empresa.
O Grupo LATAM informou que, até o momento a operação não registrou impactos diante da queda massiva de sistemas relacionados à Microsoft a nível mundial. A empresa recomenda aos seus passageiros que verifiquem o status dos voos como medida de precaução em https://www.latamairlines.com/br/pt/minhas-viagens.
A Gol afirma que seus sistemas e suas operações nos aeroportos não sofreram impactos até o momento. A companhia explica que o seu sistema de proteção é diferente ao que gerou o apagão global citado.
A FAB (Força Aérea Brasileira), por meio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), informou que não foi afetada pelo apagão cibernético até as 10h50 desta sexta.
O rastreador de voos Flight Radar 24 mostra longos atrasos e vários voos cancelados por toda parte do mundo, inclusive no Brasil, até as 11h50.
Segundo Claudio Frischtak, sócio da consultoria internacional de negócios Inter.B, especializada em investimentos de infraestrutura, “um conjunto de fatores nos favoreceu”. “Não estamos em alta temporada, o número de voos é menor aqui do que lá fora e muitas companhias não usam Windows”, disse.
Frischtak aponta ainda que o apagão ter começado durante a madrugada no Brasil, permitiu que as aéreas se organizassem mais rapidamente.
USUÁRIOS DE BANCOS RELATAM INSTABILIDADE
O Downdetector, que registra queixas com canais digitais, aponta aplicativos e internet banking de vários bancos fora do ar ou com lentidão. Às 9h, o próprio site colaborativo apresentava instabilidade.
O Bradesco informou que suas plataformas digitais foram afetadas pelo apagão e por isso não estavam disponíveis para os clientes do banco.
Em comunicado, o Bradesco informou também que suas equipes “estão atuando para regularização o mais breve possível”.
“Em virtude de um apagão cibernético global que afeta várias empresas no mundo, os sistemas dos canais digitais do Bradesco apresentam indisponibilidade nesta manhã. Equipes estão atuando para regularização o mais breve possível. Os terminais de autoatendimento do banco funcionam normalmente”, disse o Bradesco.
Às 13h30, relatos de clientes disseram que o acesso a aplicativos e internet banking estava normalizado. No Downdetector, as reclamações que atingiram o pico às 7h com 1.041 notificações contra o banco caíram para 88.
Também com registros de queixas no Downdetector nesta manhã, Itaú, Caixa e Banco do Brasil informaram que seus canais de atendimento funcionam normalmente.
O Nubank informou que seus serviços seguem operando normalmente. “O único impacto identificado até o momento está na operação dos canais de atendimento ao cliente, levando a um tempo maior do que o habitual nas interações”, disse, em nota.
Segundo a Febraban, a maioria das instituições financeiras brasileiras já normalizou seus serviços e as demais estão em avançado estado de normalização e trabalhando para garantir o funcionamento de seus serviços rapidamente. “Alguns sistemas das instituições financeiras brasileiras chegaram a ser temporariamente afetados em diferentes escalas pela atualização do antivírus crowstrike, mas nada que comprometesse a prestação de serviços de forma relevante”, afirmou em nota.
O Banco Central informou que seus sistemas estão funcionando normalmente. Questionado se o problema impactou de alguma forma os sistemas de Pix ou outros serviços da autarquia, a assessoria de comunicação respondeu apenas: “Os sistemas do Banco Central estão funcionando normalmente”.
O apagão cibernético teve como causa uma atualização defeituosa do provedor de cibersegurança CrowdStrike, que atende a Microsoft, segundo nota do gigante da tecnologia. O erro deixa os PCs e servidores afetados desconectados, o que força as máquinas a um loop de recuperação de sistema, impedindo que as máquinas iniciem corretamente.
Nas redes sociais, internautas brasileiros reclamam e fazem piadas com o insucesso ao tentar acessar a conta bancária num dia que, para muitos, é de pagamento do salário.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL É AFETADO
O STF (Supremo Tribunal Federal) foi afetado na madrugada desta sexta-feira (19) pelo apagão cibernético mundial causado por uma falha em um dos sistemas que utiliza, mas, segundo o órgão, os principais serviços já foram restabelecidos.
Por volta das 7h, o portal do STF foi restabelecido. Os sistemas judiciais e os principais sistemas administrativos já estão funcionando adequadamente, afirmou.
SERVIÇOS DE SAÚDE
O Hospital das Clínicas FMUSP informou que, no momento do apagão cibernético, alguns equipamentos que usam a plataforma Windows 10 foram afetados. “O sistema já está em processo de estabilização, sem prejuízos relevantes aos serviços assistenciais”, afirmou, em nota.
O Ministério da Saúde informou não ter sofrido impacto do apagão cibernético.
Levantamento do SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) aponta que o atendimento não foi afetado na maioria dos hospitais paulistas. Apenas cinco hospitais responderam que foram afetados, mas que estão trabalhando em contingência com os comitês de crise acionados e os sistemas estão sendo restabelecidos. Foram consultados 73 hospitais privados do estado, sendo que 42% do interior e 58% da capital e Grande São Paulo.
A operadora Prevent Senior, que tem rede própria de hospitais em São Paulo, também disse não ter sido impactada pelo apagão e afirmou seguir 100% operacional.
A reportagem encontrou dificuldades em realizar exames agendados em duas unidades do A+ entre 9h e 10h desta manhã, uma de Jundiaí (SP) e outra no Tatuapé, na zona leste de São Paulo. Toda a rede do laboratório estava fora do ar, segundo as recepcionistas. Em Jundiaí, o preenchimento da ficha foi feito à mão. Na zona lesta, o exame não pode ser realizado porque o plano de saúde, SulAmérica, também estava fora do ar.
O Grupo Fleury, que inclui os laboratórios A+, afirmou que o atendimento está sendo feito e as “equipes atuaram rapidamente para garantir a retomada segura das operações”.
Procurada, a SulAmérica ainda não respondeu.
A rede Dasa, que inclui Delboni e Lavoisier, afirmou que o atendimento aos nossos clientes não foi afetado e continua sendo realizado normalmente.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que, até o meio-dia desta sexta, não há registro de quedas ou falhas nos sistemas das unidades de saúde.
ENERGIA ELÉTRICA
Algumas distribuidoras de energia elétrica relataram problemas em sistemas comerciais e de atendimento ao consumidor em função do apagão cibernético global que afeta vários tipos de serviços nesta sexta-feira (19), disse a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Em comunicado, a autarquia afirmou que as falhas acontecem em sistemas como call centers, aplicativos e despacho de equipes de campo, que estão sendo atendidas, alternativamente, via rádio.
A Aneel afirmou ainda que não houve impacto em seus sistemas computacionais, bases de dados e plataformas de atendimento ao consumidor.
“Também não houve impactos no Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e, com isso, não há intercorrências na operação do Sistema Interligado Nacional (SIN)”, acrescentou.
PORTAL GOV.BR
O Ministério da Gestão informa que o GOV.BR não foi afetado. Pelo portal são acessados serviços públicos digitais do governo federal como o Meu INSS e consulta ao Imposto de Renda e ao seguro desemprego.
“Até o momento não houve registro de incidentes pelos órgãos referentes a esse evento adverso Microsoft. O Ministério da Gestão, por meio do Centro Integrado de Segurança Cibernética do Governo Digital (CISC GOV.BR), está monitorando a situação. Caso exista necessidade, alertaremos as instituições públicas com as recomendações técnicas a serem adotadas”, afirmou a pasta em nota.
O Serpro, responsável pela maioria dos sistemas estruturantes do Governo Federal, esclarece que não houve qualquer impacto nas operações e serviços prestados pela empresa. “Todos os sistemas e processos operados pelo Serpro continuam funcionando normalmente, com monitoramento ininterrupto”, afirmou a empresa pública de tecnologia.
TV E INTERNET
O Ministério das Comunicações informou que, até o momento, não há registro de impactos negativos nos serviços de telecomunicações do país, como telefonia e internet. A pasta afirmou que continua monitorando a evolução da situação.
OUTROS SERVIÇOS
Clientes da Localiza receberam uma notificação do aplicativo da companhia comunicando que “um incidente tecnológico global” afetava as operações.
Ao tentar usar a plataforma, a informação era, até o início da tarde, que o aplicativo estava em manutenção e fora do ar.
Em nota, a Localiza disse que o incidente causou interrupções temporárias nos sistemas de reservas e atendimento ao cliente. Os serviços já foram restabelecidos, segundo a empresa.
Redação / Folhapress