Argentina se desculpa com França após polêmica de vice sobre canto racista

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O governo argentino pediu desculpas após a vice-presidente de Javier Milei classificar a França como um país hipócrita e colonialista. O contexto diz respeito à música racista cantada pela seleção argentina, e registrada em vídeo pelo volante Enzo Fernández, após a conquista da Copa América.

A secretária do governo da Argentina, Karina Milei, foi à embaixada francesa para reparar um comentário feito nas redes sociais por Victoria Villarruel, vice-mandatária do país.

Victoria escreveu no X, antigo Twitter, uma mensagem em apoio a Enzo Fernández. Trecho do texto diz: “Nenhum país colonialista vai nos intimidar por uma canção de torcida nem por dizer as verdades que não querem admitir. Basta de fingir indignação, hipócritas.”

De acordo com entrevista coletiva cedida pelo porta-voz Manuel Adorni, a representante Karina Milei afirmou durante o encontro que o comentário reflete a opinião pessoal da vice-presidente. Ainda disse que o governo não mistura questões esportivas com questões diplomáticas.

A música foi feita por torcedores em provocação à França e a Mbappé. Ela ganhou força durante a Copa do Mundo de 2022, no Qatar.

“Escutem, corre a bola, eles jogam na França, mas são todos de Angola. Que lindo que vão correr, comem transexuais como o p… do Mbappé. Sua velha (mãe) é nigeriana, seu velho (pai) é camaronês, mas no documento: nacionalidade francês”, diz a letra da música cantada pelos argentinos.

A música gerou revolta em 2022 após um vídeo de torcedores argentinos viralizar. Os trechos racistas estão contidos nas frases sobre as nacionalidades dos pais dos jogadores franceses, muitos deles vindos do continente africano.

A transfobia aparece no trecho sobre um suposto relacionamento de Mbappé. Em 2022, a imprensa francesa especulou que o astro francês estaria se relacionando com uma modelo transexual.

Veja o texto escrito pela vice-presidente no X:

“A Argentina é um país soberano e livre. Nunca tivemos colônias ou cidadãos de segunda classe. Nunca impusemos nosso modo de vida a ninguém. Mas também não vamos tolerar que façam isso conosco. A Argentina foi feita com o suor e a coragem dos índios, dos europeus, dos crioulos e dos negros como Remedios del Valle, Sargento Cabral e Bernardo de Monteagudo. Nenhum país colonialista nos vai intimidar por uma canção de torcida ou por dizermos verdades que não querem admitir. Parem de fingir indignação, hipócritas. Enzo [Fernández], eu te banco, Messi, obrigado por tudo! Argentinos sempre de cabeça erguida! Viva a Argentina!”

Redação / Folhapress

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