Daisy Ridley admite que mentiu no currículo por papel no filme ‘A Jovem e o Mar’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Que atire a primeira pedra quem nunca deu uma enfeitada no currículo para conseguir um trabalho que queria muito. Protagonista da trilogia mais recente da franquia “Star Wars”, Daisy Ridley teve que aprender a nadar em três meses para viver Trudy Ederle, a primeira mulher a cruzar dessa forma o Canal da Mancha.

Em 1926, Trudy, uma jovem com deficiência auditiva, levou 14 horas para atravessar os 35 quilômetros de mar gelado entre a França e a Inglaterra –e ainda bateu o recorde dos homens, que era de 16 horas.

“Eu menti um pouco no currículo. Falei que era ótima em natação e que amava nadar em mar aberto”, confessou Daisy em evento com a imprensa para divulgação do filme “A Jovem e o Mar”, no qual o F5 esteve presente. A produção estreou no sábado (20) no streaming da Disney.

Depois que já tinha conseguido o papel, Daisy pulou na piscina e tentou lembrar o que sabia das aulinhas de natação na infância. Tentou nadar 20 metros e saiu esbaforida dizendo: “Ferrou. É impossível!”.

Três meses depois, ela já estava íntima das águas geladas da Bulgária, onde o filme foi gravado, e sentiu na pele o desafio de Trudy. “É uma sobrecarga de tudo: da correnteza, do frio e, é claro, da roupa, porque não existia roupa de mergulho”. No filme, a protagonista nada vestindo um maiô de tecido costurado pela irmã e usa banha de porco para manter a pele aquecida.

“Foi um daqueles momentos em que a vida imita a arte”, conta Daisy. “Quando estava no oceano, só conseguia ouvir minha própria respiração. Pude ter uma compreensão momentânea do que Trudy realmente fez. Deve ter sido tão difícil e tão solitário”, reflete.

CONTINUE A NADAR

Quem está por trás da superprodução, aposta da Disney para alavancar assinaturas de sua plataforma de streaming, é Jerry Bruckheimer, responsável por sucessos de bilheteria como a franquia “Piratas do Caribe”, que lucrou US$ 4,5 bilhões (R$ 25 bilhões), além dos icônicos “Top Gun”, Bad Boys”, “Pearl Harbor” e “Armageddon”, entre outros.

Já o diretor é o norueguês Joachim Ronning, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro por “A Aventura de Kon Tiki” (2012) e diretor de uma das sequências de “Piratas do Caribe”. A dupla, portanto, entende de mar.

“Joachim fez um trabalho incrível nos efeitos visuais da água, que é uma das coisas mais difíceis de fazer”, elogia Bruckheimer. “Tudo isso é fantástico, mas o mais importante é a emoção, e o filme entrega emoção”, diz o papa do box office.

“Dá para sentir a água fria, o vento, o estresse pelo qual ela passa, o tanto que ela treinou”, diz. “O fato de ela ter que suportar as mesmas coisas que a Trudy naquela água congelante é o que traz realidade às câmeras.”

O diretor concorda: “É uma água de 15º C, correnteza, vento, chuva. Tínhamos dublês de natação, mas percebi que ninguém nadava como a Daisy. Era uma natação enérgica, com movimentos cheios de força, que nos passam a sensação do que Trudy viveu em sua travessia”, diz o cineasta.

TEMA EM ALTA

Enquanto a Disney Plus aposta em “A Jovem e o Mar”, a concorrente Netflix, por acaso ou não, estreou recentemente “Nyad”, baseado na história de Diana Nyad, outra nadadora de mar aberto que quebrou barreiras no esporte.

Daisy Ridley quase deu uma bola fora no evento com a imprensa quando, questionada por um repórter se conheceu alguma atleta inspiradora, citou a biografada da Netflix (que está viva, com 74 anos). “Foi especial conhecer a Diana Nyad… Corta!”, brincou a atriz.

Já sua personagem, Trudy Ederle, ela não pôde conhecer. A nadadora morreu em 2003, aos 98 anos. “As mulheres pioneiras muitas vezes são esquecidas. Elas fizeram o que fizeram com tantos obstáculos contra elas, e mesmo assim perseveraram, mesmo sem saber se alguém iria comemorar ou sequer ouvir sua história”, diz Daisy.

Em uma época em que mulheres eram desencorajadas a praticar esportes, Trudy enfrentou a família, desafiou a sociedade e derrotou os inimigos que a tentaram boicotar –e tudo com um sorriso no rosto. Daisy a descreve como a personagem mais alegre que já interpretou.

“Ela não vê as barreiras, só quer seguir sua jornada e fazer o que ama”, diz. “Em 90% do tempo, ela é inabalável, exceto pelo momento em que tem seu tapete puxado”, comenta. “Essa história, em maior escala, significa o que era socialmente ser uma mulher atleta naquela época. Que momento para um filme como este estar por aí”, comemora a atriz.

ANAHI MARTINHO / Folhapress

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