Moraes defende Judiciário sobre morosidade e critica mentalidade litigante

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes rechaçou, na manhã desta segunda-feira (22), críticas à morosidade do Judiciário e defendeu uma mudança de mentalidade também dos grupos que ingressam com os processos, afirmando que a iniciativa privada contribui para a insegurança jurídica.

“É muito comum, principalmente a iniciativa privada, acusar o poder público: ‘É lerdo, burocrático, traz insegurança jurídica’. Nós temos que enxergar o macro.”

Moraes afirmou que a Constituição de 1988 universalizou a Justiça, corretamente, mas que não promoveu seu aparelhamento. Assim, não haveria condições de responder a todos os processos, resultantes da facilidade de acesso ao sistema judicial -extremamente acessível e barato, segundo o ministro.

O ministro defendeu uma mudança de mentalidade na iniciativa privada e no “Poder Judiciário, que desrespeita decisões vinculantes do próprio Poder Judiciário”.

Enquanto isso não ocorre, afirmou, é preciso aplicar multas maiores em casos de litigância de má-fé. “Ou vamos ficar patinando”, completou.

“A iniciativa privada contribui para a insegurança jurídica porque são milhões de processos que as partes sabem que vão perder, mas pelo fato de a Justiça ser muito fácil de acessar e barata, as partes vão ingressando com embargos e embargos, e vão protelando. E quando há multa por litigância de má-fé, é um escândalo no Brasil”, disse Moraes.

Moraes participou do evento ao lado de João Doria e do ex-presidente Michel Temer (MDB). O ex-governador pediu desculpas em nome do ministro, que não participou de entrevista a jornalistas após o seminário.

Em sua fala, Temer discordou das críticas de que o Judiciário extrapola suas funções. “Falar em ativismo do Poder Judiciário é um pouco equivocado”, disse.

O ex-presidente afirmou que a Constituição é muito detalhista e prevê que todas as questões relativas à constitucionalidade sejam tratadas pelo STF, que interfere quando é acionado.

Questionado sobre o tema, Temer voltou a defender a adoção do semipresidencialismo. Ele disse que está “absolutamente convencido que o presidencialismo brasileiro se esfarrapou” e que é obrigado a reconhecer que todo impeachment “gera um trauma institucional”.

O ex-presidente, que assumiu o cargo após o afastamento de Dilma Rousseff (PT), afirmou ainda que o Congresso está somando uma função típica da chefia de governo -a execução-, mas sem a responsabilidade sobre ela. Assim, segundo ele, é preciso transferir oficialmente o encargo ao Parlamento.

“Não duvido que, daqui a algum tempo, tenha uma revolução no sistema de governo do país.”

ANA LUIZA ALBUQUERQUE / Folhapress

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