Ocupando o terceiro lugar entre os tumores com maior incidência no país, o câncer de intestino, também conhecido como colorretal, tem chamado a atenção de especialistas e estudiosos. A doença, antes conhecida como um fator de risco para pessoas com idade igual ou superior a 50 anos, tem acometido cada vez mais os jovens.
Os números são destacados em um relatório publicado pela American Cancer Society (ACS) em janeiro deste ano, onde as taxas de câncer colorretal indicam um aumento acelerado entre pessoas na faixa dos 20, 30 e 40 anos, enquanto a incidência diminui entre os indivíduos com mais de 65.
“Apesar de não termos registros de estudos específicos no Brasil sobre o avanço do câncer colorretal entre os mais jovens, essa realidade por aqui também já é concreta. O aumento do índice da doença entre pessoas na faixa dos 20 a 40 anos é expressivo e podemos considerar como um fenômeno mundial que está associado, principalmente, aos nossos hábitos alimentares e sedentarismo”, comenta Cristiane Mendes, oncologista em Ribeirão Preto.
A médica explica, ainda, que a doença tende a ser mais agressiva quando diagnosticada em jovens, além de, muitas vezes, ser descoberta já em estágios avançados, levando em consideração que pessoas com essa idade ainda não integram o grupo de rastreio de câncer.
De acordo com o recente artigo periódico publicado no JAMA Network Open, uma revisão científica aponta a presença de sangue nas fezes como o sinal de alerta mais comum para a doença. Segundo a nova análise, que examinou 81 estudos – incluindo quase 25 milhões de adultos com menos de 50 anos de todo o mundo –, o sangramento retal está associado a um risco cinco vezes maior deste tumor.
“O câncer colorretal pode ser silencioso, porém, quando presente, pode apresentar ainda: distensão abdominal, dor em cólica, alteração na frequência das evacuações e na forma das fezes, que pode ficar mais fina que o habitual, além da dificuldade para defecar”, orienta Cristiane.
Diagnóstico e prevenção
Orientações do Ministério da Saúde indicam que o rastreio do câncer colorretal deve começar aos 50 anos. No entanto, pessoas com histórico de pólipos ou de doença inflamatória intestinal, como retocolite ulcerativa e Crohn, bem como registros familiares da neoplasia em parentes de primeiro grau, principalmente se diagnosticado antes de 45 anos, devem ter atenção redobrada e iniciar o monitoramento antes da idade base indicada para a população, geralmente aos 40 anos. O intestino pode ser examinado detalhadamente através do exame de colonoscopia.
“É importante destacar também que, manter uma alimentação saudável, praticar atividade física regularmente e evitar o consumo de bebidas alcoólicas e cigarros são caminhos essenciais para a prevenção, não só do câncer de colorretal, mas de uma diversidade de doenças e demais tumores”, finaliza a oncologista.
Números do câncer
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso (cólon), no reto (final do intestino) e no ânus devem atingir cerca de 45 mil brasileiros (sem especificação de idade) em cada ano do triênio 2023/2025.
Ribeirão Preto está entre os 10 municípios do estado de São Paulo com maior volume de atendimentos para a doença, sendo mais de três mil registros ao longo dos anos, de acordo com o Boletim Epidemiológico 2024, divulgado pela Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), que analisou casos de câncer colorretal entre os anos de 2000 a 2020.