SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em entrevista à Folha nesta segunda-feira (22), o apresentador José Luiz Datena (PSDB) enumerou uma série de pontos que, segundo ele, podem fazê-lo desistir mais uma vez da disputa eleitoral.
Datena não é claro em nenhum dos pontos que colocam em risco sua candidatura, prevista para ser oficializada em convenção neste sábado (27).
Cita conflitos internos no PSDB, risco de traição, falta de apoio para a convenção que se aproxima e até o desejo de uma aclamação aos moldes da proporcionada a Guilherme Boulos (PSOL) em evento que o confirmou na disputa no último sábado (20).
O apresentou não descarta fazer como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que no final de semana desistiu de concorrer à reeleição. “Se o Biden pode desistir a qualquer momento, por que eu não posso? Desde o começo, falei: se me sacanearam, eu desisto mesmo”, disse o apresentador.
A trajetória de Datena na política é marcada desde 2015 por idas e vindas, trânsito nas mais diferentes correntes ideológicas e recuos na hora H.
1) ‘SACANAGEM’ DO PARTIDO
“Se continuar essa sacanagem de que o partido está conversando com outras pessoas para colocar dentro do partido sem me avisar, eu não vou ser candidato. Se o Biden pode desistir a qualquer momento, por que eu não posso? Desde o começo, falei: se me sacanearam, eu desisto mesmo.”
“Boa parte do partido debandou para o Ricardo Nunes. Dinheiro e cargo. Há alguns dias trocaram a federação [PSDB-Cidadania] inteira de São Paulo. Eu fiquei sabendo depois. Mesmo assim, continuaram essas críticas idiotas, que só podem vir do intestino do partido.”
2) CONVENÇÃO SOB RISCO
“Quem foi atrás de cargo, emenda, dinheiro, esses já foram, mas deixaram alguns ali dentro para atrapalhar minha candidatura, inclusive a convenção. Tenho confiança na executiva nacional, no Marconi [Perillo], no Aécio [Neves], apesar de termos tido discussões lá atrás, e no José Aníbal. Mas os principais tiros que levei foram de dentro do partido.”
“Minha vontade é 10 [de ser candidato]. Se sábado eu sentir que os caras vão me encher o saco na convenção, eu não vou. Acabou.”
3) DIVERGÊNCIA DE PROPOSTAS
“Foi um cara falar sobre trânsito na rádio CBN me representando e disse ‘o Datena está errado’ [em se opor a mais radares]. Por que eu sou contra radar? Isso não é [feito] com o objetivo de educar o povo e reduzir acidentes. Se o partido quiser que eu seja candidato, ele que demonstre.”
4) À ESPERA DE ACLAMAÇÃO
“Eu gostaria de ter uma convenção igual à deles [Boulos e Ricardo Nunes]. Vai ser tudo por aclamação. Não foi lá? O maior festão (…) Não precisa me aclamar, mas também não precisa atirar pelas costas.”
“Essas convenções [dos partidos] vão ser por aclamação e com gente pesada. Se a nossa for porrada para todo lado, no que vai me ajudar?”
Redação / Folhapress