SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O traficante Elizeu Felício de Souza, o Zeu, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes, é considerado foragido pela Justiça do Rio de Janeiro.
O traficante não cumpriu o prazo de cinco dias para instalar a tornozeleira eletrônica. Elizeu Felício de Souza deixou a cadeia para cumprir pena em regime domiciliar no início deste mês após receber o direito de progressão da pena. A condição era instalar a tornozeleira. Ele cumpria pena no presídio Vicente Piragibe, no Rio de Janeiro.
Na segunda-feira (22), a Justiça ordenou que ele volte ao regime fechado. Zeu era o único condenado pela morte de Tim Lopes que permanecia preso. No total, ele ficou 13 anos na cadeia, após ser detido em 2010 durante operação da polícia no Complexo do Alemão.
Mandando de prisão foi expedido. A Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro também expediu mandado de prisão contra o réu.
Réu não apresentou justificativa para o não comparecimento. A Justiça, então, considerou o descumprimento da medida como fuga do apenado e a interrupção do cumprimento da pena. A decisão é do juiz Cariel Bezerra Patriota.
Descumprimento das regras de uso da tornozeleira eletrônica é considerado falta grave. “Tendo em vista a gravidade da conduta, sem que tenha comparecido aos autos espontaneamente para apresentar justificativa ou procurado auxílio junto à CME (Central de Monitoramento Eletrônico), deixo de determinar sua intimação para o fazer e passo a decidir sobre a regressão cautelar de regime prisional e expedição de mandado de prisão, havendo, neste caso, regressão para o regime fechado, diante da gravidade dos fatos (mais de 30 dias sem comunicação alguma com a CME e total desprezo pelas regras do regime aberto em prisão domiciliar”, escreveu o juiz.
Sete traficantes foram condenados pela morte do jornalista. Além do Zeu, o criminoso Ângelo Ferreira da Silva, o Primo, foi sentenciado, mas está foragido desde 2013. Três réus já cumpriram parte da sentença e receberam liberdade e outros dois morreram, incluindo Elias Maluco, apontado como o mandante do crime.
MORTE DE TIM LOPES
Tim Lopes foi assassinado em junho de 2002 no Complexo do Alemão. O repórter apurava a atuação do crime organizado na comunidade quando foi capturado, torturado e morto por traficantes.
Ele produzia uma matéria sobre prostituição de menores de 18 anos e consumo de drogas em um baile funk. Segundo a polícia, Tim foi identificado por um segurança do tráfico, que encontrou uma microcâmera escondida com o repórter. O traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, era líder do Comando Vermelho e ordenou a morte do jornalista.
Tim Lopes foi levado para o morro da Grota, no Complexo do Alemão, onde foi torturado e atingido por um golpe de espada no tórax. Tim teve as pernas cortadas e foi queimado dentro de pneus, um método chamado de “micro-ondas” -usado para não deixar vestígios do crime.
Redação / Folhapress