Decano e caçula do Brasil nos Jogos de Paris têm em comum a glória olímpica

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No cenário olímpico, Rodrigo Pessoa foi um esportista top na delegação brasileira.

Tem sete Olimpíadas no currículo e, em duas delas (Sydney-2000 e Atenas-2004), competiu com favoritismo na prova individual de saltos do hipismo.

Sua montaria, o cavalo Baloubet du Rouet, era à época tão conhecido quanto o próprio Pessoa.

Na Austrália, Baloubet refugou no percurso da medalha, resultando em uma decepção enorme, já que o ouro era amplamente esperado. Não deu nem pódio.

Na Grécia, o ouro veio. Não lá, quando Pessoa/Baloubet chegou em segundo lugar. Mas a prata foi transformada em ouro, recebido no Rio de Janeiro, em 2005, depois da comprovação de doping na montaria (Waterford Crystal) do vencedor, o irlandês Cian O’Connor.

No mesmo cenário olímpico, Rayssa Leal é uma esportista top do chamado Time Brasil.

Em suas primeiras Olimpíadas, Tóquio-2020, disputadas em 2021 devido à pandemia de coronavírus, a Fadinha do Skate ganhou a prata na categoria street.

Sua história olímpica começou ali, e o segundo capítulo dessa obra ainda está para ser escrito.

Dois personagens muito diferentes, seja no esporte praticado, seja no gênero, seja na altura (ele 1,78 m, ela 1,47 m), seja na origem (ele, que tem nacionalidade brasileira, nasceu na França, e ela nasceu em Imperatriz, no Maranhão).

E que representam os extremos no quesito idade dentre os 274 esportistas que vestirão as cores do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris –justamente a cidade natal de Pessoa.

O cavaleiro, nascido em 1972, é o mais velho, com 51 anos. A skatista, nascida em 2008 (ano em que Pessoa disputava as Olimpíadas pela quinta vez), a mais jovem, com 16 anos.

Com essa diferença de idade, o três vezes medalhista olímpico (além do ouro em Atenas, tem dois bronzes, ambos na prova por equipes, em Atlanta-1996 e em Sydney) poderia ser pai ou tio de Rayssa.

Há outra diferença entre eles nestes Jogos: a de expectativas.

Não se espera medalha de Pessoa, que montará Major Tom nas disputas no Palácio de Versalhes, na Grande Paris –Baloubet, aposentado em 2006, morreu em 2017.

Se for ao pódio, será uma grata surpresa.

Mas o cavaleiro terá, com certeza, uma conquista na França: se tornará o brasileiro com mais participações em Olimpíadas, oito, ultrapassando o velejador Robert Scheidt e a futebolista Formiga.

Não se tornará, entretanto, o mais velho do Brasil a figurar em Jogos Olímpicos.

O recorde, por ora, pertence a um outro Pessoa, Nelson, hoje com 88 anos. O pai de Rodrigo, também cavaleiro, saltou em Barcelona-1992 quando tinha 56 anos.

Rayssa, sobre seu skate na praça da Concórdia, tem como objetivo uma medalha, e a de ouro é bem possível. Ela ocupa a terceira posição no ranking mundial, atrás de duas japonesas, Coco Yoshizawa e Liz Akama.

“A gente tem muita chance de medalha no skate. Me preparei bastante”, disse ela ao desembarcar na França. “Tenho certeza de que estou 100%, tanto no [lado] mental quanto no físico.”

Em 2021, a maranhense, então com 13 anos, tornou-se a mais jovem atleta do Brasil em Olimpíadas. Distante, porém, do mais jovem esportista em Jogos Olímpicos.

Aos 10 anos, o ginasta grego Dimitrius Londras competiu nas Olimpíadas de Atenas-1896, as primeiras na era moderna. E “medalhou”: bronze por equipe nas barras paralelas.

De maneira geral, o COI (Comitê Olímpico Internacional) não estabelece limite mínimo ou máximo de idade para a disputa das Olimpíadas, deixando essa decisão a cargo das federações de cada esporte.

Em Paris 2024, a participante mais velha é a amazona Mary Hanna, 69, reserva na equipe de hipismo da Austrália. Entre quem é titular, outra amazona, a canadense Jill Irving, tem 61 anos.

Na história das Olimpíadas modernas, tinha 73 anos o mais velho competidor: o artista gráfico britânico John Copley, medalhista de prata em Londres-1948 na depois extinta disputa de pintura e gravura.

Nas modalidades não artísticas, a marca pertence ao sueco Oscar Swahn, prata aos 72 anos na Antuérpia-1920 no tiro esportivo por equipes, na prova de tiro duplo no veado de madeira em movimento a 100 metros de distância.

E o mais novo esportista nesta edição dos Jogos? Mais novo, não. Mais nova.

A chinesa Zheng Haohao competirá no skate, modalidade park, com 11 anos. Ela completará 12 no dia da cerimônia de encerramento, 11 de agosto.

Em Paris 2024, Rayssa competirá antes de Pessoa. As provas femininas do skate street serão no dia 28 de julho (domingo). O hipismo (saltos) começa no dia 1º de agosto.

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MAIS VELHOS DO TIME BRASIL EM PARIS-2024

Rodrigo Pessoa (hipismo saltos)

51 anos e 7 meses

Ruy Fonseca (hipismo CCE)

51 anos e 1 mês

Marcio Jorge (hipismo CCE)

49 anos e 5 meses

MAIS JOVENS DO TIME BRASIL EM PARIS-2024

Rayssa Leal (skate street)

16 anos e 6 meses

Raicca Ventura (skate park)

17 anos e 4 meses

Mateus Nunes (canoagem velocidade)

18 anos e 3 meses

LUÍS CURRO / Folhapress

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