Curadora fala sobre o processo de escolha das obras do Palácio Boa Vista

Curadora fala sobre o processo de escolha das obras do Palácio Boa Vista
(Foto: Goverdo de SP)

O Palácio Boa Vista, localizado em Campos do Jordão, preparou duas exposições especiais em comemoração aos 60 anos do centro cultural neste mês de julho. Mas você sabe qual é o processo por trás da escolha das obras de arte que são expostas? O portal ThMais Vale conversou com a curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo de São Paulo, Rachel Vallego, para te explicar melhor.

Inaugurado em 1964 para ser a residência de inverno oficial do governador, em 1970 foi declarado “Monumento Público do Estado de São Paulo” e se tornou palácio-museu aberto à visitação pública. Desde então, o Palácio Boa Vista segue promovendo arte, cultura e história às milhares de pessoas que o visitam todos os anos.

Como as exposições são escolhidas?

O processo de escolha das obras que são expostas em museus e outros centros culturais é de responsabilidade do curador. Rachel explica que o papel principal é estar em contato direto com as obras e pensar projetos para serem apresentados à sociedade a partir delas.

No caso do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo de São Paulo, o trabalho acontece a partir do que existe na coleção. É preciso pensar em como apresentar as obras, as trazendo para um diálogo atual tornando o significado histórico delas mais próximo da população.

“Eu vejo os museus públicos como esse espaço onde a gente pode de alguma maneira voltar neste tempo, entrar em contato com essas questões.”

Rachel Vallego – Curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo de São Paulo

Além da tratativa direto com as obras, a comunicação com o público é uma ponte muito importante, é preciso preparar materiais para divulgar esses lugares, para que os patrimônios históricos e artísticos cheguem às pessoas. E mais do que chegar à população, a curadora explica que a maneira como as obras são apresentadas é essencial, há um departamento educativo, responsável em receber o visitante e passar conhecimentos para que o público entenda um pouco sobre a obra.

Os quadros e esculturas também são restaurados com os melhores materiais possíveis para que não sejam danificados e assim possam continuar disponíveis para a sociedade. Vallego usou como exemplo uma das obras da mostra da Tarsila do Amaral: “O retrato da Tarsila está fazendo 100 anos, então ele precisa viver 100 mais”.

Qual é a importância do contato com a arte para a sociedade?

Rachel explica que os artistas fazem parte de diversos momentos da história do nosso país e colaboraram de várias maneiras múltiplas, seja com a arte visual, a música, a poesia ou o teatro. As artes plásticas são um legado material deixado por essas pessoas.

A história da arte ajuda a elaborar as narrativas para entender a transição entre os movimentos artísticos, desde a pré-história, além de ter a função social de promover o contato com a nossa herança cultural e com as transformações, refletidas em cada produção.

(Foto: Governo de SP)

O objetivo de expor a arte é conseguir alcançar a sociedade e tornar o patrimônio histórico e artístico acessível para o cidadão. Com o passar dos anos, a interpretação de cada obra de arte pode se modificar de acordo com a leitura da sociedade no momento em que ela é vista, o importante é que esta leitura seja viável.

Veja as exposições do Palácio no mês de julho:

Com 11 obras de Tarsila do Amaral, a mostra “Centenário Autorretrato I de Tarsila do Amaral” traz um panorama da produção da artista, passando por suas diferentes fases, que vão desde sua formação até meados dos anos 1950.

Já a mostra “Olhar a Terra, Ver o Céu” inaugura uma nova sala do palácio dedicada a exposições temporárias de artistas contemporâneos convidados, reunindo nessa primeira oportunidade 59 paisagens em pequeno formato feitas por quatro artistas contemporâneos.

O Palácio da Boa Vista está aberto de quarta-feira a domingo, das 10h às 12h e das 14h às 17h, com permanência até às 17h30. A entrada é gratuita.

*Texto de Bianca Martins com supervisão de Julia Lopes

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