PARIS, FRANÇA, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Horas depois de revelar o diagnóstico de um tumor benigno no cóccix, a esgrimista Nathalie Moellhausen passou mal durante seu combate de estreia, e despedida, nos Jogos Olímpicos, contra a canadense Ruien Xiao, de 16 anos.
Quando Moellhausen pediu atendimento médico, o placar estava 10 a 6 para a canadense, com 1min30s de luta. A brasileira chegou a sentar-se no chão. Ela ainda retornou para disputa, mas perdeu por 15 a 11.
Após a luta, visivelmente desgastada, disse que vai falar com a imprensa somente depois de um procedimento para a retirada do tumor, marcado para a próxima quarta-feira (31).
No final da noite de sexta-feira (26), Moellhausen, que mora e treina em Paris, publicou uma mensagem em inglês, assinada pelo Team of Nathalie. O texto dizia que “uma estranha piada do destino recentemente tornou dura sua jornada olímpica, devido a uma séria questão de saúde, exigindo hospitalização de emergência, da qual ela só teve alta esta semana”.
“O desafio tem sido enorme para recuperá-la a tempo de competir. Qualquer que seja o desfecho, Nathalie estará em sua amada pista de esgrima uma vez mais, como sonhou, contra todas as estatísticas e previsões”, acrescentou.
A Folha de S.Paulo apurou que o problema foi descoberto há algumas semanas.
A brasileira não fazia nenhum post no Instagram desde o último dia 7, quando publicou o vídeo de uma apresentação de esgrima no Hôtel de Crillon, um dos mais luxuosos de Paris.
Nascida em Milão em dezembro de 1985, Moellhausen começou na prática esportiva defendendo o país europeu. Sua primeira conquista foi a medalha de bronze no mundial júnior de 2004 em Plovdiv, na Bulgária.
Em 2003, aos 18 anos, passou a treinar e competir pela Força Aérea Italiana. O primeiro título mundial na categoria sênior viria em 2009, quando ficou com o ouro por equipes na espada.
No mundial de 2010, conquistou a medalha de bronze no individual. Em Londres-2012, debutou em Jogos Olímpicos como reserva do time italiano, que acabou caindo nas quartas de final para os Estados Unidos.
De mãe ítalo-brasileira e com mais chances de disputar uma Olimpíada como titular pelo Brasil, naturalizou-se brasileira em 2013.
“É preciso coragem para mudar de nacionalidade e largar um país para ir para o outro. Pode ser visto como traição, como foi por umas pessoas. Mas eu sabia que o tempo ia dizer tudo, que se um dia eu ganhasse pelo Brasil, eu nunca ia dar as costas para a Itália”, afirmou em entrevista para o portal Olympics.com, em 2022.
Na estreia olímpica defendendo o Brasil, na Rio-2016, avançou até as quartas de final, alcançando o melhor resultado do país na modalidade.
A maior conquista da carreira viria em 2019, quando levou o título mundial na espada, em Budapeste, derrotando na final a chinesa Lin Sheng. Chegou como uma das candidatas ao pódio em Tóquio-2020, mas acabou eliminada logo na primeira rodada.
Nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023, conquistou o ouro inédito para o Brasil na modalidade da espada por equipes, ao lado de Victoria Vizeu e Amanda Netto. Ela já havia conquistado três bronzes, em Toronto-2015 e Lima-2019.
Em 2024, ficou com o bronze no Grand Prix de Budapeste, quando assegurou a vaga para Paris-2024.
ANDRÉ FONTENELLE E LUCAS BOMBANA / Folhapress