SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Grêmio ingressou com uma ação formal exigindo esclarecimentos à CBF sobre as decisões de arbitragem durante a partida contra o Corinthians pelo Campeonato Brasileiro na última quinta-feira.
O tricolor gaúcho publicou uma nota protestando contra a comissão de arbitragem que apitou Corinthians x Grêmio. Entre as reinvindicações à CBF, o clube cobra explicações para o pênalti marcado após revisão do VAR e o gol gremista anulado no primeiro tempo.
Confira a nota do Grêmio:
Neste sábado, o Grêmio ingressou com reclamação formal e pedido de providências junto à presidência da Confederação Brasileira de Futebol e a presidência da Comissão de Arbitragem referente aos erros identificados no transcorrer da última partida pelo Campeonato Brasileiro, diante do Corinthians, em São Paulo.
No documento protocolado, após a identificação dos profissionais de arbitragem responsáveis pelo andamento do jogo, é pontuada a opinião de todos os especialistas de que não houve infração no lance em que foi anotada penalidade contra o Grêmio após avaliação do árbitro de vídeo.
Além disso, erros de interpretação, tanto na origem da jogada que gerou a cobrança do pênalti inexistente, assim como em diversos outros momentos do confronto foram pontuados.
Entre as jogadas protestadas no ofício está o gol gremista anulado no final da etapa inicial, tendo rápida definição do árbitro de vídeo na jogada, em lance de difícil determinação de posicionamento, pois os atletas estavam na mesma linha.
Confira na íntegra o teor do documento abaixo:
De Porto Alegre/RS (Brasil) para Rio de Janeiro/RJ, 27 de julho de 2024.
À Confederação Brasileira de Futebol (CBF) A/C Presidente da CBF – Senhor Ednaldo Rodrigues Gomes
C/C Presidente da Comissão de Arbitragem – Senhor Wilson Luiz Seneme
Avenida Luis Carlos Prestes, número 130, Barra da Tijuca Código de Endereçamento Postal número 22.775-055, Rio de Janeiro/RJ (Brasil) Referência: Reclamação Formal e Pedido de Adoção de Providências – Campeonato Brasileiro da Série A 2024 – Sport Club Corinthians Paulista (“Corinthians”) x Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense (“Grêmio”)
Prezados Senhores, O Grêmio, entidade de prática desportiva profissional devidamente integrada ao Sistema Nacional de Desporto e, portanto, filiada à Confederação Brasileira de Futebol (“CBF”), vem, por meio deste Ofício, indignada com os sucessivos e grosseiros erros invariavelmente cometidos em prejuízo ao Grêmio, tanto apresentar mais uma reclamação formal em relação a lances ocorridos na partida supramencionada quanto realizar solicitação de adoção de providências cabíveis e imediatas para solucionar um grave problema que não mais pode subsistir se a intenção é a sobrevivência do futebol de prática profissional no Brasil.
Em primeiro lugar, segue (abaixo) o rol da equipe de arbitragem que atuou na partida válida pela 19ª (décima nona) rodada da Série A do Campeonato Brasileiro 2024 entre Corinthians x Grêmio disputada no dia 25 de julho de 2024:
Árbitro: Alex Gomes Stefano;
Árbitro Assistente 1: Bruno Boschilia;
Árbitro Assistente 2: Luiz Claudio Regazone;
Quarto Árbitro: Diego da Silva Castro;
Árbitro de Vídeo: Pablo Ramon Goncalves Pinheiro;
AVAR: Johnny Barros de Oliveira;
AVAR 2: Adriano Barros Carneiro.
Vistos os componentes da equipe de arbitragem, passamos a analisar os erros cometidos.
O primeiro e mais absurdo erro é um verdadeiro atentado não apenas contra as regras, mas também ao que a lógica, a física e a simples análise do lance indicam.
Isto é, quando a equipe de arbitragem opta por procurar e, sem pudor, simplesmente criar/inventar uma penalidade máxima para o Corinthians aos 17:00 (dezessete minutos) do primeiro tempo de jogo, o Campeonato está em xeque.
O lance supramencionado é tão escandaloso que toda e qualquer pessoa que trabalha e/ou está envolvida de forma isenta com o futebol profissional (incluindo, principalmente, os ex-árbitros) manifestou-se no mesmo sentido: não foi pênalti e a sua marcação é vergonhosa.
A começar pela origem do lance, uma falta duvidosa (imagem abaixo) que, assim como grande parte dos lances da partida, foi marcada pelo inexperiente (e, conforme comprovado, despreparado) árbitro principal após pressão dos atletas do Corinthians.
De acordo com a imagem e o vídeo que também acompanha (em anexo) o presente Ofício, o atleta do Grêmio é quem visa a bola que está no ar, mas mesmo assim o árbitro, pressionado, claramente nervoso e sem qualquer controle da partida, marca a falta para a equipe mandante (equipe “da casa”) após sofrer pressão.
Assinalada a falta, a bola é alçada para a área e um atleta do Corinthians (diferente daquele envolvido no pênalti concebido pelo VAR) cabeceia livremente a bola para fora. No entanto, fica claro que, antes mesmo da conclusão de cabeça, há 2 (dois) atletas do Corinthians em posição de impedimento – imagem abaixo – que, surpreendentemente e inexplicavelmente, não foi marcado nem mesmo após a análise do VAR.
Após a não marcação do impedimento, o árbitro aponta para a cobrança de tiro de meta (que seria o correto caso não houvesse a posição de impedimento anterior à conclusão).
Ou seja, até o presente momento, no mesmo lance, houve 2 (dois) erros da equipe de arbitragem, quais sejam a marcação de uma falta inexistente e, na sequência, a não marcação da posição de impedimento.
Como se não bastasse, o fato é que o VAR, com a sanha protagonista que acometeu os seus operadores, procura qualquer movimento na área que possa justificar o seu “protagonismo” e a vontade incontrolável de querer “reapitar” a decisão de campo.
Aliás, outra coisa também é certa: os membros do VAR acima indicados certamente não sabem a regra de aplicação/uso do VAR e/ou os casos em que o árbitro deve ser chamado para revisar um lance, motivo pelo qual uma das medidas que são imperativas é (re)ensinar os referidos profissionais como funciona a ferramenta e explicar a eles o porquê ela existe (não é uma ferramenta que foi incorporada para fazer os operadores do árbitro de vídeo aparecerem na condição de protagonistas do espetáculo e tampouco para “reapitar” a partida como lhes convêm).
Posto isso, segue (abaixo) a imagem do lance em questão em que o atleta do Corinthians (indicado com uma flecha azul, atrás do defensor do Grêmio) claramente se joga para frente ao supostamente sofrer um puxão para trás (contrariando a lógica e as leis da física) na tentativa de claramente “cavar” um pênalti.
Com o devido respeito ao atleta profissional do Corinthians, mas a simulação é tão ridícula que nem mesmo os companheiros de equipe reclamam da suposta infração.
A equipe do VAR, no entanto, se mostrou muito empenhada em descobrir algo que pudesse justificar a penalidade máxima e, então, apegou-se ao lance.
Sinceramente, mesmo que se tente exaustivamente, ninguém nunca vai conseguir explicar, de maneira séria e isenta, o porquê o pênalti deveria ter sido marcado e a decisão teria sido acertada.
Visto o lance do pênalti absurdamente marcado para o Corinthians na partida da última quinta-feira, o Grêmio registra que houve ao menos mais 5 (cinco) lances duvidosos – sempre em prejuízo ao Grêmio – também na partida da última quinta-feira.
Logo após o lance do pênalti inexistente, outro lance que chamou a atenção pelo erro e despreparo do árbitro foi um cartão amarelo aplicado ao atleta do Grêmio que estava “pendurado” com 2 (dois) cartões amarelos cuja origem foi uma falta inexistente assinalada contra o Grêmio.
Abaixo, a imagem da falta inexistente que acabou por injustamente punir o atleta do Grêmio com o 3º (terceiro) cartão amarelo – vídeo do lance acompanha o Ofício.
Aos 32:00 (trinta e dois minutos) do primeiro tempo, após o pênalti inexistente (mas marcado) ter sido convertido pela equipe do Corinthians – partida em 1×1 -, outro lance chama a atenção quando há o “risco” de o Grêmio marcar o seu segundo gol.
Por mais que, conforme a imagem abaixo, a bola claramente tenha tocado às costas do atleta do Grêmio, a equipe de arbitragem, por suas razões, achou “prudente” marcar a falta assinalando “mão” (inexistente) e invalidando a jogada de chance de gol.
Há também um quarto lance ocorrido na mesma partida em que ocorre toque de mão dentro da área do Corinthians (pênalti para o Grêmio), conforme abaixo.
Sobre o lance, surpreende que sequer houve checagem do VAR desta vez ou, se ocorreu, talvez se esteja diante de um recorde no tempo de checagem, contrastando com a demora e esforço para marcar a penalidade mal marcada para o Corinthians.
Para não deixar sem mencionar, registra-se também o notável desinteresse da equipe de arbitragem ao deixar de analisar o pisão sofrido pelo goleiro do Grêmio aos 37:00 (trinta e sete minutos) do primeiro tempo, ainda que tal lance tenha deixado marcas no atleta do Grêmio e o mesmo tenha necessitado atendimento médico.
Aliás, nota-se que, conforme a imagem acima, não se tratou de lance meramente acidental, mas sim de uma intencional “pisada” desleal do atleta do Corinthians no atleta do Grêmio que lealmente disputava a bola normalmente e sofreu tal agressão.
Como último lance de possível erro cometido em prejuízo ao Grêmio tem-se o gol do Grêmio anulado aos 51:00 (cinquenta e um minutos) do primeiro tempo, oportunidade em que foi assinalada uma posição de impedimento que, ao nosso ver, não caracteriza infração por, conforme demonstra a imagem abaixo, tratar-se de lance de mesma linha (não impedimento, portanto).
Vistos todos os lances acima e, mais do que isso, levando em consideração tanto o histórico recente quanto o contexto geral, o Grêmio aproveita este Ofício para externar a grande preocupação que há em se tratando dos confrontos que se avizinham entre Grêmio x Corinthians
Redação / Folhapress