A horas da eleição, Maduro convoca embaixadores em ato no qual critica Bolsonaro

CARACAS, VENEZUELA (FOLHAPRESS) – A poucas horas do início da votação para presidente na Venezuela, que se iniciará às 7h (6h locais) deste domingo (28), o ditador Nicolás Maduro convocou às pressas os embaixadores em Caracas para uma reunião que mais parecia um ato de campanha.

Também convidada, participou do evento em Caracas a embaixadora do Brasil no país, Glivânia Maria de Oliveira, que tem capitaneado a retomada das relações bilaterais sob o governo Lula 3 após a fragilidade das relações na época de Jair Bolsonaro (PL).

Sentado em um palco com embaixadores e observadores eleitorais à sua frente, Maduro voltou a falar em banhos de sangue no país. “O capitalismo selvagem provoca convulsões sociais, e na Venezuela já provocou mais de um banho de sangue”, afirmou o ditador em meio a um longo e monótono discurso sobre a história da Venezuela.

Nicolás Maduro, há 11 anos no poder, tem dito que, se não for reeleito, o país viverá um verdadeiro banho de sangue. Por essa frase, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou preocupação. O petista afirmou na ocasião ter ficado assustado com as declarações.

Maduro também afirmou que todos os líderes que vieram antes de Hugo Chávez (1954-2013), a quem segue usando para se promover mesmo após 11 anos de sua morte, eram “títeres”, marionetes dos Estados Unidos. E disse que “correntes fascistas da América Latina nasceram na Venezuela”.

A isso, listou uma série de líderes que atribui a esse grupo, no qual incluiu o ex-presidente Bolsonaro, assim como o presidente da Argentina, Javier Milei, e o ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe. Milei e Uribe têm manifestado claro apoio à oposição representada por Edmundo González e María Corina Machado.

Ainda sobre Bolsonaro, disse que durante o governo do brasileiro, a quem chamou de “um completo imperialista da direita brasileira”, tentaram invadir a Venezuela pela fronteira com o Brasil.

É uma referência indireta ao controverso episódio no qual em 2020 o então secretário de Estado americano, Mike Pompeo, visitou a fronteira dos dois países, no lado brasileiro em meio à campanha do presidente Donald Trump à reeleição e fez duro discurso contra o regime de Maduro, a quem se referiu como narcotraficante.

Um ano antes, em 2019, Maduro chegou a determinar o fechamento da fronteira terrestre para tentar barrar a ajuda humanitária oferecida pelos EUA e por países vizinhos, incluindo o Brasil, após pedido do então autoproclamado presidente interino Juan Guaidó.

Bolsonaro também fez uma breve menção a Maduro nesta sexta-feira (26), ao ironizar que o líder do regime “deu um passinho à direita” depois de criticar o sistema eleitoral brasileiro –sem provas.

“Quando Chávez partiu, disseram que a revolução tinha acabado, mas ele bem disse, a revolução somos todos nós”, afirmou Maduro no evento com embaixadores. “Nós construímos uma força real.”

Maduro afirma que não há possibilidade em que não vença. Com a aura quase religiosa com a qual descreve seu regime, disse que “não poderão evitar o que está no ‘pacto secreto dos livros celestiais’, previsto para o futuro de um país”.

“Os piores tempos ficaram para trás. Convido vocês a verem como trouxemos tempos melhores e como o que vem para o nosso país é bonito.”

Neste domingo o país tem uma das eleições mais importantes da era chavista, quando ineditamente a ditadura de Maduro se vê ameaçada pela oposição.

MAYARA PAIXÃO / Folhapress

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