CARACAS, VENEZUELA (FOLHAPRESS) – O principal candidato opositor à Presidência da Venezuela, Edmundo González, tem repetido que confia nos militares para garantirem que o resultado da vontade do povo nas urnas seja assegurado. Ele voltou a fazê-lo ao votar em Caracas neste domingo (28).
Acompanhado da esposa e da filha, González chegou ao centro de votação dirigindo seu tradicional fusca amarelo, que para alguns locais traz à memória o fusca vermelho de Hugo Chávez (1954-2013), e caminhou a passos lentos até o centro de votação em uma escola logo ao lado de uma igreja na qual depois entrou para a missa.
González discursou e pediu reconciliação entre os venezuelanos, afirmando que é isso o que representaria a sua vitória –à sombra da líder opositora, a ex-deputada liberal María Corina Machado.
O opositor votou cerca de quatro horas após o ditador Nicolás Maduro ir às urnas e dizer que o único resultado que reconhecerá é aquele que será divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), uma indireta ao fato de a oposição estar organizando um levantamento independente da votação e pedindo que a população fique até altas horas nos colégios eleitorais para acompanhar a auditoria das urnas.
Questionado, González afirmou que o órgão eleitoral é o CNE, mas que também a campanha opositora está organizando um monitoramento. A oposição também criou um canal no WhatsApp e nas redes sociais em que pede para que os votantes denunciem irregularidades que presenciarem nas urnas ao longo deste domingo.
No centro de votação de González, pouco antes de sua chegada, um homem foi retirado por um membro da Guarda Bolivariana do centro de votação após filmar ou fotografar com seu celular a urna eletrônica. Ainda assim, ele pôde depositar na urna física o comprovante que a máquina imprime após a confirmação do voto, processo que finaliza a votação do eleitor na Venezuela.
Mais cedo, Elvis Amoroso, o presidente do CNE, em teoria um órgão independente, fez críticas a González.
Ele disse que o candidato “desconhece a Constituição e as leis da República, sem mencionar os partidos políticos de sua coalizão, que não se apresentam para firmar um acordo”. Referia-se a um acordo eleitoral firmado por Maduro e alguns opositores de pouca ou nenhuma expressão política, mas não pelo diplomata González.
“Vocês não vão sair com nenhum resultado antes que o Conselho Nacional Eleitoral o faça, como estabelecem as regras. Desistam.”
MAYARA PAIXÃO / Folhapress