SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil terminou o sábado (27), primeiro dia de disputas que ofereciam medalhas em Paris-2024, com um quê de decepção devido à ausência de pódios.
O nadador Guilherme “Cachorrão” Costa, bem cotado, e a nadadora Mafê Costa, nem tanto, acabaram a final dos 400 m livre em quinto e em sétimo lugar, respectivamente.
Esses resultados, somados a eliminações no judô e na esgrima, evitaram que o país largasse embalado, como ocorreu em Londres-2012 e no Rio-2016, edições olímpicas em que medalhas vieram logo de cara.
No segundo dia, entretanto, o Brasil se recuperou, e de forma rompante. Neste domingo, o judô disse a que veio, com dois pódios, e o skate também colocou o país no pódio.
Tudo o isso no intervalo de menos de meia hora, no começo da tarde brasileira, já noite na França.
A primeira medalha saiu pouco antes das 13 horas (de Brasília), com o judoca Willian Lima, 24, prata na categoria até 66 kg.
Estreante em Olimpíadas, o paulista de Mogi das Cruzes ganhou quatro lutas antes de perder, por ippon (golpe que encerra a luta), a final para o campeão olímpico em Tóquio-2020, o japonês Hifumi Abe -o Japão é o berço do judô.
“É muito duro perder uma final, mas fico feliz porque falei que ia chegar aqui e conquistar uma medalha, sair do pódio e colocar no pescoço do meu filho [Dom, de nove meses]”, disse Willian.
Antes das 13h20, quase que simultaneamente, o Brasil somou dois bronzes à sua coleção de medalhas nos Jogos, iniciada na Antuérpia-2020 com um ouro, uma prata e um bronze no tiro esportivo -a de Willian tinha sido a 151ª.
Primeiro, a judoca Larissa Pimenta, 25, da categoria até 52 kg, que já tinha competido nos Jogos de Tóquio e assim como Willian treina no clube paulistano Pinheiros, derrotou a italiana Odette Giufrida, atual campeã mundial, no ponto de ouro, por um acúmulo de punições da rival.
“Ainda não acredito, mas consegui”, afirmou a paulista de São Vicente, que teve que passar pela repescagem depois de perder na terceira luta para a francesa Amandine Buchard.
Tanto Larissa como Willian são orientados por Leandro Guilheiro, dono de dois bronzes olímpicos (Atenas-2004 e Pequim-2008).
Em Paris, a medalhista de bronze contou com o incentivo constante de outra medalhista do Brasil, também ex-judoca, Sarah Menezes, ouro em Londres-2012. “Ela olhava para mim e falava: ‘Você pode, você merece, ninguém te segura’. E eu comecei a me sentir muito grande, muito forte.”
Dois minutos depois de Larissa celebrar no tatame da arena no Campo de Marte, Rayssa Leal, 16, ficava sabendo na praça da Concórdia que tinha garantido o bronze no skate street.
Na final contra outras oito competidoras, a Fadinha do skate se recuperou nas execuções de movimento único depois de não fazer apresentações marcantes nas manobras em sequência na pista -o skate escapou-, o que não lhe rendeu notas muito altas.
Com 253,37 pontos acumulados, Rayssa terminou atrás somente das japonesas Coco Yoshizawa (ouro, 272,75) e Liz Akama (prata, 265,95), de 14 e 15 anos, respectivamente.
“Foi coisa linda. Estava cansada, o sol desgastou bastante, mas consegui minhas manobras, fiquei muito feliz”, declarou a maranhense de Imperatriz, que viralizou nas redes sociais aos 7 anos, quando, vestida de fada.
Prata em Tóquio-2020, a Fadinha se tornou o 103º esportista brasileiro a possuir pelo menos duas láureas olímpicas, e a mais jovem a alcançar o feito. Ela figura ao lado de ícones históricos do esporte nacional como Adhemar Ferreira da Silva (atletismo) e Aurélio Miguel (judô), ganhadores de duas medalhas.
Entre sorrisos pela conquista de sua segunda medalha olímpica, Rayssa prometeu na capital francesa que em “2028 vem o ouro”. As próximas Olimpíadas serão daqui a quatro anos, em Los Angeles.
O dia de medalhas do Brasil, no primeiro dia de sol em Paris depois de 48 horas de chuva insistente, que atrapalhou inclusive a cerimônia de abertura na sexta-feira (26), só não foi mais badalado porque faltou muito pouco na canoagem slalom.
Veterana em Olimpíadas -disputa sua quarta-, a mineira Ana Sátila, 28, esteve a algumas remadas de obter um pódio inédito para ela e para sua modalidade. Em seu melhor desempenho olímpico, terminou em quarto lugar no caiaque K1.
Pódio inédito é algo com que o COB (Comitê Olímpico do Brasil) conta para melhorar o desempenho do país na classificação dos Jogos Olímpicos. A melhor colocação é a de Tóquio-2020: 21 medalhas (7 ouros, 6 pratas e 8 bronzes) e o 12º lugar.
Rogério Sampaio, diretor-geral do COB e chefe do Time Brasil em Paris, deixou subentendido antes dos Jogos que a possibilidade de crescimento do Brasil passa pelo sucesso em modalidades em que o país jamais subiu ao pódio.
São os casos de tênis de mesa, ginástica rítmica e tiro com arco, por exemplo, nos quais o país tem tido bons resultados.
No final da tarde do domingo, com as primeiras medalhas conquistadas em Paris, o Brasil aparecia com sua prata (1) e seus bronzes (2), em 13º lugar no quadro liderado pelos EUA (12 medalhas).
“Foi um começo extraordinário, para dar aquele impulso, aquele gás para todo mundo. A gente está confiante em uma ótima apresentação do Brasil. Nosso objetivo sempre foi superar, evoluir em relação ao que já aconteceu. Estou satisfeito por hoje”, afirmou Paulo Wanderley, presidente do COB.
Redação / Folhapress