SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A nadadora Ana Carolina Vieira desembarcou na manhã desta segunda-feira (29) no aeroporto de Guarulhos um dia após o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) ter anunciado sua expulsão da equipe brasileira das Olimpíadas de Paris por desrespeito e agressividade.
Inicialmente, a segurança do aeroporto sugeriu que ela saísse por outra porta de desembarque para não se encontrar com a imprensa, mas ela seguiu o caminho padrão.
“A partir do momento que eu saí da Vila, eu não tive mais acesso a nada e acho que é preciso saber o que está acontecendo. Graças a Deus eu recebi apoio do clube e tudo vai se encaixar e todos vão saber da verdade”, disse Vieira à reportagem. Ela foi recebida por três funcionários do Esporte Clube Pinheiros, inclusive seu treinador. Agora, segue para o clube, onde dará mais detalhes do que aconteceu.
Na véspera, Ana postou em suas redes sociais um vídeo se defendendo. Ela chegou a citar um caso de assédio, sem dar explicações.
De acordo com Edson José dos Santos, diretor do clube responsável por resolução de conflitos, o Pinheiros ficou sabendo da expulsão da nadadora por meio de redes sociais. Até nesta terça, o COB ainda não teria notificado o clube oficialmente sobre o acontecimento.
Conforme a Folha de S.Paulo noticiou no domingo (28), a expulsão ocorreu depois de uma ríspida discussão dela com a comissão técnica. O motivo da briga teria sido a decisão de retirar a nadadora Maria Fernanda Costa, a Mafê, da equipe que disputaria os 4 x 200 m livre, em que há revezamento dos atletas.
A comissão determinou que Mafê Costa se dedicasse a suas competições individuais, onde a chance de medalha seria maior. Segundo profissionais que acompanham a rotina na Vila Olímpica, ao saber da decisão, Ana Carolina se revoltou e houve uma discussão feia, “com gritos e dedo na cara”.
Além disso, segundo o COB, a atleta deixou a Vila Olímpica sem autorização junto com o namorado, o também nadador Gabriel Santos, na noite da última sexta-feira (26). Ela foi expulsa, e ele, advertido.
A saída, porém, é tida como irrelevante por fontes ouvidas pela Folha, já que, segundo elas, é comum atletas saírem da Vila Olímpica durante os jogos. Não à toa, Gabriel se manteve na equipe.
Essa era a segunda participação de Vieira nos Jogos Olímpicos. Natural de São Paulo, ela iniciou a carreira em Ubatuba (SP) e depois passou pelas piscinas do Corinthians e Minas Tênis Clube, antes de se estabelecer no Pinheiros, clube em que treina atualmente.
Em 2018, nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires, Ana conquistou duas medalhas de prata em revezamentos.
Em sua primeira participação nas Olimpíadas, em Tóquio, a atleta nadou o revezamento 4 x 100 m livre, em que o Brasil terminou na 12ª colocação e não avançou à final. A equipe fez um tempo de 3min39s19, com parcial de 54s92 de Ana.
Nas piscinas de Paris, ela chegou a disputar o mesmo revezamento antes de ser desligada da delegação. As brasileiras repetiram a 12ª posição, mas com um tempo pior que o de Tóquio-2020 (3min40s60).
Com a expulsão, a nadadora de 22 anos perde a chance de compor o time brasileiro na prova de revezamento 4 x 100 m medley misto.
PEDRO LOVISI / Folhapress