SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Algumas ginastas da Alemanha optaram por collants que cobrem todo o corpo nos treinos de pódio de quinta-feira (25) e na etapa classificatória de domingo (28) das Olimpíadas de Paris.
As mangas eram compridas e a calça se estendia até o tornozelo. As defensoras do modelo dizem que essa é uma forma de se contrapor a sexualização das atletas.
À Reuters, a ginasta Pauline Schaefer-Betz, que está em sua terceira Olimpíada aos 27 anos, disse que o traje obteve comentários positivos. “E a parte principal é que nós estamos confortáveis nele. Eu realmente gosto de fazer ginástica com mangas cumpridas porque você pode colocar vários brilhos nas pernas também”, comentou.
Para ela, outros países podem não ter seguido a tendência por conta dos desafios relacionados ao design do collant. É difícil encontrar o ajuste perfeito para um collant com calça. “Temos um designer de collants especial que fez o corte especial para que tudo se ajustasse bem, e acho que muitos times não tinham isso.”
Outra ginasta da equipe, Sarah Voss notou uma mudança entre as jovens atletas desde que começaram a usar a nova roupa. “Eu acho que para as meninas alemãs, em especial as mais novas, se sentem mais confortáveis”, afirmou.
“Elas sentem que nos esforçamos para dar mais empatia”, completou. Em alguns clubes, as atletas mais jovens podem vestir shorts na competição. Isso não era permitido antes.
As ginastas alemãs já tinham feito o mesmo movimento nas Olimpíadas de Tóquio. A iniciativa de competir com as pernas cobertas partiu de Sarah Voss. Ela apareceu com um modelo longo na fase classificatória do Campeonato Europeu, em abril de 2021.
Sarah disse que muitas meninas não querem continuar no esporte quando atingem a puberdade por conta do código de vestimenta. “Queremos mostrar a elas que nós, atletas de competição, também usamos isso e podemos nos apresentar dessa maneira e que todos devem decidir o que querem vestir”, explicou na ocasião à Reuters.
A ginástica artística teve de lidar com denúncias de assédio e abuso sexual nos últimos anos. O tema tomou força principalmente depois que vieram à tona denúncias contra o médico da seleção norte-americana Larry Nassar. Ele atuou nessa posição por duas décadas e abusou de mais de 140 meninas. Em fevereiro de 2021, o ex-técnico da seleção dos EUA John Geddert foi acusado de 24 crimes, dois deles sexuais.
Redação / Folhapress