ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) – A Fox News, líder em audiência nos Estados Unidos, está tentando entrar no Brasil. A Fox Corporation, que manteve o controle do canal de notícias após a compra de grande parte dos ativos da Fox pela Disney em 2019, busca alternativas para se estabelecer por aqui.
A principal delas, segundo diversas fontes ouvidas pela Folha de S.Paulo, é achar uma pessoa de confiança que entenda do mercado publicitário e de televisão no Brasil. Conversas com executivos de empresas e até mesmo com políticos ocorreram nos últimos dois meses.
O projeto é embrionário, mas a empresa já identificou uma demanda de público que poderia ser atendida pela linha editorial que o canal americano adota em sua sede: opiniões mais conservadoras e mais alinhadas à direita.
O que a Fox tenta entender é se existe viabilidade comercial para evitar prejuízo. O canal sabe que há uma vasta variedade de canais de notícias na TV por assinatura brasileira e que isso poderia atrapalhar futuros negócios. Hoje, estão no ar GloboNews, Jovem Pan, CNN Brasil, Record News e Band News. Até o fim do ano, a CNBC também vai estrear no país.
Caso todas as etapas do projeto sejam concluídas, o objetivo é lançar a versão brasileira da Fox News no Brasil até 2026, ano da próxima eleição presidencial por aqui. A Fox News já foi elogiada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que deu entrevista para o canal em 2022.
A Fox Corporation foi procurada pela Folha de S.Paulo desde a última quinta-feira (25) por email, mas não houve resposta oficial.
O QUE É A FOX NEWS?
Fundada em 1996 nos Estados Unidos, a Fox News foi criada pelo magnata da mídia Rupert Murdoch para atrair um público conservador. Em 2023, Murdoch se aposentou e deixo o comando para seu filho mais velho, Lachlan Murdoch.
A Fox News cresceu na virada do milênio. Desde então, ela se tornou a rede líder de audiência entre os canais de notícias, superando a CNN e a MSNBC, suas concorrentes diretas. A ida para outro mercado seria uma forma de aumentar sua relevância mundial.
Em 2023, a Fox News teve audiência média diária total de 1,2 milhão de pessoas nos Estados Unidos, segundo o instituto Nielsen. Trata-se de uma queda de 19% na comparação com 2022, mesmo que a liderança tenha sido mantida.
A MSNBC teve 780 mil, um leve aumento de 6,4% sobre o ano anterior. No caso da CNN, a média diária de pessoas assistindo ao canal foi de 479 mil (queda de 15,7%), o que coloca a emissora num distante terceiro lugar no mercado americano.
Durante o governo de Donald Trump, a Fox News apoiou as medidas do então presidente e criticou o Partido Democrata, de Joe Biden e Kamala Harris, tendo sido acusada de parcialidade em sua cobertura.
GABRIEL VAQUER / Folhapress