Brasil tem dia de vitórias no tiro com arco e põe atletas nas oitavas de final

PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Vitórias obtidas por Marcus D’Almeida e Ana Luiza Caetano asseguraram ao Brasil sua melhor participação no tiro com arco na história dos Jogos Olímpicos. Cada um deles triunfou duas vezes, na tarde francesa desta terça-feira (30), sob sol escaldante na Esplanade des Invalides, e avançou à fase de oitavas de final nas chaves individuais da modalidade em Paris.

Eles já haviam se classificado, na última quinta (25), à mesma etapa na disputa mista por equipes. Dessa maneira, a delegação brasileira estará nas oitavas de final em três chaves, superando o desempenho geral de 2016, quando Ane Marcelle dos Santos esteve nas oitavas no Rio de Janeiro, e o de 2021, quando o próprio D’Almeida avançou a essa fase em Tóquio.

Na França, Ana Luiza foi a primeira a cumprir seu papel na terça. A fluminense de 21 anos perdeu o primeiro set para a eslovena Pintaric, mas reagiu, venceu os três seguintes e fechou o embate por 6 a 2 (26/29, 27/25, 27/25 e 28/27) –no tiro com arco, a vitória em um set vale dois pontos, e um set empatado rende um ponto para cada atleta; vence quem chega primeiro a seis pontos.

Ela voltou pouco depois à arena montada no centro de Paris para um duelo muito duro com a malaia Syaqiera Mashayikh. Houve empate em três dos cinco sets e uma vitória para cada uma, o que deixou a partida empatada por 5 a 5 e estabeleceu a definição via “shoot off”, chamado de “arrow of death” pelo locutor oficial na Esplanade des Invalides, ou “flecha da morte”.

Nesse cenário, não há mais um set com três tiros de pontuação de 0 a 10 para cada um. Tudo passa a se resumir a uma flechada de cada competidora, e a dona da maior pontuação avança. Syaqiera foi a primeira a executar sua tentativa e conseguiu apenas um 8. Ana Luiza demonstrou boa concentração e tirou 9.

A brasileira venceu por 6 a 5 (27/27, 28/28, 24/28, 27/27, 29/24 e 9/8) e celebrou muito a classificação às oitavas. Segundo ela, a mudança da área de competição após a fase de ranqueamento, na semana passada, gerou dificuldades no início da jornada e tornou necessárias duas viradas.

“Eu acho que nas duas eu demorei um pouquinho para me encontrar, sabe? Mas isso às vezes é esperado. É um campo diferente. A gente treina em um campo mais para lá, acaba tendo menos vento, a iluminação é diferente também. Tudo influencia um pouquinho, mas foi bom, foi bom, foi bom”, afirmou, repetidamente, a 63ª colocada no ranking mundial.

“Normalmente o campo muda para a final só. Mas eu não estou acostumada a ir ao campo para a final. O Marcus vai direto, provavelmente essa mudança para ele não pesa tanto. Para mim, pesou um pouco mais, mas espero que na próxima etapa pese menos”, disse, com a confiança renovada na capital francesa.

“Foi cabeça, com certeza. Consegui aproveitar o momento sem deixar a pressão entrar. Foi o que vim fazer. Não dá para a gente imaginar que resultado a gente vai conseguir, mas dá para imaginar a postura que a gente vai ter na linha. Consegui ter a postura que eu queria, e isso é um passo gigantesco”, celebrou.

Já Marcus D’Almeida tinha um semblante de alívio. Líder do ranking mundial, o carioca de 26 anos teve um desempenho abaixo do esperado na etapa de ranqueamento, na quinta (25), ficando apenas em 17º lugar. Na volta à Esplanade des Invalides, apresentou um nível melhor e reagiu após um início excepcional de seu primeiro adversário do dia.

O ucraniano Mykhailo Usach, 109º do ranking, começou a disputa com cinco tiros de pontuação máxima. Venceu o primeiro set e parecia próximo do êxito no segundo, o que lhe daria uma vantagem de 4 a 0. Aí, executou um tiro péssimo, de pontuação 6, foi derrotado no set e abriu caminho para o triunfo por 6 a 2 do favorito (29/30, 28/26, 29/28 e 30/27).

“Tomei um choque ali no início, porque o adversário começou com 50. E eu falei ‘estamos nos Jogos Olímpicos’. Mas, graças a Deus, consegui aguentar a pressão. Eu vim lá de baixo, não nasci como número um do mundo. Há muitos arqueiros que não estão em cima no ranking porque não competem muito, é preciso sempre estar atento. Não tem arqueiro fraco aqui”, afirmou.

Na sequência, ele teve pela frente o japonês Fumiya Saito, número 38 do mundo, e não lhe deu chances. Executou 12 tiros em quatro sets, com desempenho excelente: oito flechadas de pontuação 10, quatro de pontuação 9. Triunfou por 7 a 1 (29/25, 29/28, 30/30 e 28/26), deixando cheia a agenda do Brasil no tiro com arco no fim de semana.

Sexta-feira (2) é dia de duplas mistas, com todo o mata-mata, até a disputa das medalhas. Nas oitavas, Marcus e Ana terão pela frente a dupla do México, formada por Matías Grande e Alejandra Valencia. Sábado (3) tem a fase final feminina, e Ana ainda aguarda a definição de sua adversária. O mesmo vale para Marcus, que buscará a medalha individual na chave masculina no domingo (4).

“Estamos igualando nossos melhores resultados. Viemos focados, temos falado muito sobre isto: é o arqueiro e é o alvo”, disse D’Almeida, referindo-se à necessidade de bloquear ruídos externos. “É o que vamos fazer na sexta, no sábado e no domingo: fim de semana completo do tiro com arco. Fico muito feliz de ver que estamos cumprindo essa agenda. Se Deus quiser, vamos avançar mais.”

MARCOS GUEDES / Folhapress

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