PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – O prédio em que funcionava a boate Kiss, em Santa Maria (RS), terminou de ser demolido nesta terça (30), onze anos após a tragédia que deixou 242 mortos em janeiro de 2013.
As paredes externas da boate foram derrubadas por uma retroescavadeira nesta segunda-feira (29). Agora, uma empresa dá seguimento à remoção dos entulhos e limpeza do terreno, o que deve ser concluído na próxima semana.
As obras começaram no dia 10 de julho, com a retirada do letreiro, portas e tapumes. O teto da boate e as paredes internas de alvenaria já foram removidos
No terreno será construído um memorial em homenagem aos mortos no incêndio na casa noturna.
Com área de 383,65 m², o memorial terá um jardim central circular com 242 pilares de madeira representando as vítimas. O local também terá espaço para um auditório e o novo escritório da AVTSM (Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria).
A obra está orçada em cerca de R$ 4 milhões, valor oriundo do FRBL (Fundo para Reconstituição de Bens Lesados) do Ministério Público do Rio Grande do Sul.
De acordo com o presidente da AVTSM, Gabriel Rovadoschi Barros, os representantes das vítimas aguardavam o resultado do júri para ter segurança em iniciar a demolição.
O julhamento foi concluído em 2021 e anulado em 2022, em uma disputa judicial que já chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal). As obras foram mantidas mesmo com a anulação.
Segundo Barros, a manutenção do cronograma de obras também é “um apelo diante da Justiça” para que o caso tenha uma definição até a conclusão da obra, prevista para abril.
A boate Kiss pegou fogo durante apresentação da banda Gurizada Fandangueira, quando o artista foi aceso um artefato pirotécnico que atingiu o revestimento de espuma do prédio. As vítimas morreram por asfixia devido aos gases tóxicos liberados pela espuma.
No dia 12 de julho, representantes de vítimas das tragédias da boate Kiss, de Brumadinho e Mariana (MG), dos bairros afetados por problemas no solo em Maceió (AL) e do incêndio do Ninho do Urubu (RJ) participaram de uma reunião na CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), órgão da OEA (Organização dos Estados Americanos), para cobrar explicações do Estado brasileiro.
CARLOS VILLELA / Folhapress