SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cidade de Artur Nogueira, no interior de São Paulo, passa por uma severa crise hídrica, pior que a de 2014, que assolou diversos municípios do estado. O município depende da represa Cotrins, que precisa estar com ao menos 60% de sua capacidade para garantir o abastecimento normal, mas o nível atual do reservatório é de apenas 15%.
Para amenizar a situação, a FAB (Força Aérea Brasileira) direcionou para Artur Nogueira galões de água doados que seriam destinados às vítimas das cheias no Rio Grande do Sul -uma carga de 58,4 toneladas.
“Cabe destacar que o apoio à cidade é realizado em um contexto em que a fase mais aguda da crise no Rio Grande do Sul foi superada, onde a doação de água mineral não se faz mais necessária”, afirmou a FAB.
“A água está sendo distribuída inicialmente para escolas municipais e estaduais para garantir o acesso dos alunos e profissionais à merenda escolar e ao consumo diário”, destacou a Prefeitura de Artur Nogueira.
A cidade, de 51.456 habitantes, tem 24 escolas municipais, seis estaduais e seis privadas.
Em razão da seca, a gestão Lucas Sia (PL) deu início ao racionamento de água no dia 1º de julho, quando o nível da represa estava em 40%.
O Saean (Serviço de Água e Esgoto de Artur Nogueira) afirma que alugou uma estação de tratamento de água temporária. Diz também estar comprando água de empresas locais, que é transportada por caminhões-pipa para abastecer as áreas mais altas dos bairros.
A autarquia diz que todos os poços disponíveis foram ativados e que foi feita a limpeza do leito da Cotrins. Além disso, afirma que fará nos próximos dias o desassoreamento da represa, em parceria com o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) de São Paulo.
De acordo com o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), neste momento apenas a cidade de Artur Nogueira corre risco de desabastecimento no estado.
A gestão estadual afirma que tem dado assistência ao município, que recebeu um carregamento de 6.000 litros de água mineral em uma ação coordenada pela Defesa Civil.
MEDIDAS ESTRUTURAIS
A Semil (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística), por meio do DAEE, afirma estar analisando a viabilidade técnica de um projeto de instalação de uma adutora em Artur Nogueira. A ideia é captar água do córrego Poquinha e a direcionar para a ETA (Estação de Tratamento de Água) III. Segundo o município, o investimento é de R$ 6 milhões.
“O córrego Poquinha receberá uma barragem e um reservatório de 150 mil m³, garantindo segurança hídrica para Artur Nogueira até 2052 e prevenindo a falta de água em períodos de estiagem. A obra está atualmente na fase de licença ambiental”, afirmou a prefeitura.
Além disso, um novo reservatório com capacidade de 5 milhões de litros de água está em construção –o prazo para a conclusão da obra não foi informado.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress