PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Não foi o dia da vingança para Bia Ferreira. A pugilista brasileira, 31, foi derrotada pela irlandesa Kellie Harrington na semifinal da categoria 60 kg, por 4 a 1, encerrando sua participação olímpica em Paris com a medalha de bronze. Agora ela vai se dedicar à carreira profissional.
“Eu vim para cá com um grande objetivo, que era estar em mais uma final, mas consegui completar um pouco da missão, que era ter outra medalha. Então, missão metade realizada com sucesso. Perdi para a atual campeã olímpica”, disse Bia após a luta.
Em Tóquio-2020, Jogos disputados em 2021 devido à pandemia da Covid-19, ela perdeu a decisão da medalha de ouro para a mesma adversária.
Apesar da derrota, a baiana volta para o Brasil com inéditas medalhas em edições olímpicas consecutivas.
“Eu sei que podia fazer muito melhor, mas não tem muito o que lamentar. Desculpa ter decepcionado alguém, mas quem mais queria era eu. Quero agradecer a todo mundo que me ajudou a chegar até aqui. Agora tem a nova missão, que é deixar eles cheios de orgulho no boxe profissional”, disse Bia.
A torcida na Arena Paris Norte estava dividida. Grande número de irlandeses compareceu ao ginásio. A Irlanda não é uma potência olímpica. Em Tóquio, ganhou apenas quatro medalhas.
Desde o começo, os brasileiros gritaram “olê, olê, olê, Biá, Biá”, enquanto os irlandeses respondiam com “Kellie, Kellie”.
O primeiro round esquentou apenas nos 30 segundos finais, quando a troca de golpes se tornou mais intensa. Quatro juízes (Marrocos, Sri Lanka, Guatemala e Eslováquia) deram a vitória à irlandesa, enquanto o quinto, da Mongólia, considerou a brasileira superior.
Ciente da desvantagem, Bia partiu para cima logo no início do segundo assalto. Faltando um minuto e 24 segundos, a brasileira acertou um bom golpe, mas tomou o troco instantes depois. Dois juízes continuavam dando a vantagem a Harrington, e os outros três consideraram Bia melhor.
Com isso, a irlandesa entrou no último assalto com pequena vantagem. O combate ficou mais tenso. A irlandesa usava a velocidade para se esquivar e manter a distância. Os gritos de “Kellie, Kellie” aumentavam. As duas saíram comemorando vitória quando o gongo soou.
Encerrada a luta, os jurados de Marrocos, Sri Lanka, Guatemala e Eslováquia deram a vitória à irlandesa; o jurado da Mongólia, à brasileira.
O treinador principal, Mateus Alves, avaliou que a equipe brasileira de boxe “sucumbiu à pressão psicológica dos Jogos”. Ele esperava mais medalhas. Por enquanto, Bia é a exceção.
“É uma bosta”, desabafou. “E eu tenho que assumir como head coach. A Bia fez a parte dela, mas também sentiu hoje muita pressão. Esse não é o 100% da Bia. E amanhã a Juci tem que garantir essa segunda medalha.”
Alves se referia a Jucielen Romeu, que disputa neste domingo (10), às 11h16 locais (6h16 em Brasília), uma vaga na semifinal da categoria 57 kg, o que garantiria uma segunda e última medalha para o boxe brasileiro nestes Jogos. Ela enfrenta a turca Esra Kahraman.
ANDRÉ FONTENELLE / Folhapress