SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O bronze conquistado pelo Brasil no judô por equipes, neste sábado (3), veio após momentos de tensão. Empatada em 3 a 3 contra a Itália, a disputa dependia do confronto entre Rafaela Silva e Veronica Toniolo no golden score. A brasileira aplicou um waza-ari logo no início da luta, que contou com a revisão do árbitro de vídeo para validar o golpe e a medalha brasileira.
Se na competição por equipes o VAR ajudou, na categoria individual (até 57 kg) Silva não teve a mesma sorte. Na disputa pelo bronze da última segunda-feira (29), a brasileira ficou sem medalha após a arbitragem de vídeo puni-la por ter usado a cabeça como apoio no chão, movimento proibido para prevenir lesões em judocas.
Mais conhecido pela recente implementação no futebol, o VAR tem sido decisivo em diferentes esportes olímpicos. Das 45 modalidades presentes em Paris-2024, ao menos 34 contam com recursos de vídeo para verificar as decisões dos juízes.
O levantamento foi feito pela Folha com base nos regulamentos de cada federação internacional, a quem o Comitê Olímpico Internacional (COI) atribui a responsabilidade de definir as regras das competições. Nas outras 11 modalidades não foram verificadas menções a câmeras de apoio à arbitragem.
Esportes coletivos como basquete, handebol e hóquei sobre grama dispõem de tecnologia que registra as jogadas e pode ser consultada em caso de dúvidas dos árbitros.
Há ainda os que vão além. No vôlei e vôlei de praia, as equipes podem solicitar desafios se não concordarem com o sinalizado em quadra –o que inclui marcações de bola dentro ou fora e toques na rede.
Além do judô, o VAR tem marcado presença nas polêmicas do futebol. Logo na primeira rodada da fase de grupos do torneio masculino, na partida entre Argentina e Marrocos, uma confusão generalizada se instaurou após os sul-americanos marcarem o segundo gol, empatando a partida aos 60 minutos do segundo tempo.
Houve invasão da torcida marroquina e o árbitro interrompeu o jogo logo após o lance. Mais de uma hora depois, porém, a partida ainda foi retomada e os jogadores souberam que o gol de empate da Argentina havia sido anulado por impedimento.
“Passamos cerca de uma hora e meia no vestiário sem que ninguém dissesse o que ia acontecer”, disse Javier Mascherano, técnico da seleção argentina, a jornalistas após o fim da partida.
“Os capitães marroquinos não queriam jogar, nós não queríamos continuar, e os torcedores estavam jogando objetos sobre nós. É o maior circo que já vi na minha vida, não sei por que passaram uma hora e 20 minutos revisando uma jogada.”
Já no tênis, torneios da ATP e WTA (associações internacionais masculina e feminina do esporte) costumam utilizar um programa que capta a trajetória da bola, mas não nas Olimpíadas.
A falta da tecnologia em Paris-2024 foi motivo de reclamação da americana Coco Gauff na terceira rodada da chave simples feminina. A tenista número 2 do mundo teve uma discussão acalorada com o árbitro da partida após uma divergência entre a marcação dele e a de um juiz de linha.
“Sinto que deveríamos ter uma VR (revisão por vídeo) no tênis, porque esses pontos são muito importantes. Depois eles [juízes de linha] pedem desculpas, mas desculpas não ajudam quando a partida acaba”, argumentou ela, que na ocasião foi eliminada pela croata Donna Vekic.
Vela, tiro esportivo, tênis de mesa, skate, rúgbi, hipismo, ciclismo mountain bike, ciclismo BMX freestyle, badminton e o estreante breaking são as outras modalidades em que os regulamentos não preveem revisão por vídeo.
Modalidades cujos regulamentos preevem análise por vídeo
Atletismo Basquete Basquete 3×3 Boxe Canoagem de velocidade Canoagem slalom Ciclismo BMX Racing Ciclismo de estrada Ciclismo de pista Escalada Esgrima Futebol Ginástica artística Ginástica de trampolim Ginástica títmica Golfe Handebol Hóquei sobre grama Judô Levantamento de peso Luta Maratona aquática Nado artístico Natação Pentatlo moderno Polo aquático Remo Saltos ornamentais Surfe Taekwondo Tiro com arco Triatlo Vôlei Vôlei de praia
Modalidades cujos regulamentos não preevem análise por vídeo
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BEATRIZ GATTI / Folhapress