Ex-alunos de colégio de SP relatam abusos cometidos por professor 30 anos depois

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ex-estudantes do Colégio Rio Branco, um dos mais tradicionais de São Paulo, acusam um antigo professor de praticar abusos sexuais contra eles. Segundo os relatos, Carlos Veiga Filho, 61, que trabalhou na escola até 2003, teria estimulado meninos adolescentes a integrarem grupos de acampamento cuja iniciação era fazer os alunos ficarem nus, com seus corpos pintados de guache e serem fotografados por ele.

Os depoimentos foram ao ar no programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo (4). O caso também foi noticiado pela revista piauí.

Na reportagem, os ex-estudantes, hoje adultos, afirmam que a monitoria funcionava como uma sociedade secreta e que um pacto de silêncio era exigido por Veiga, que era professor de teatro. Os episódios teriam ocorrido nos anos 1990.

Um deles relatou que ele e outros meninos teriam sido abusados por Veiga na casa do docente. O ex-aluno tinha 13 anos. Segundo o relato, o professor tocava nos genitais dos garotos com a justificativa de “dar um passe” e “energizar os chakras”.

O Rio Branco diz que Veiga foi demitido em 2003, durante uma reestruturação interna. Segundo o Fantástico, os ex-estudantes ouvidos afirmaram que não relataram o caso à época nem ao colégio nem aos pais.

Carlos Veiga Filho está preso sob suspeita de estupro de vulnerável e de produção de imagens pornográficas de adolescentes por atos cometidos em outra escola, no interior do estado.

Como a Folha de S.Paulo noticiou, em 11 de junho ele se envolveu em uma confusão em um condomínio residencial em Hortolândia. Policiais militares que foram ao local para averiguar uma denúncia de briga checaram o documento do professor e constataram que havia um mandado de prisão contra ele.

A ordem judicial estava relacionada a denúncias mais recentes de abuso de adolescentes, quando trabalhava na cidade de Serra Negra. A descrição do caso no Diário da Justiça aponta que Veiga teria mantido relações sexuais dentro do seu apartamento e nas dependências da escola com três garotos que, na época, eram menores de 14 anos.

Segundo o documento, isso teria ocorrido até o meio do ano passado, quando o professor foi demitido. O processo, assim como em outros casos que envolvem menores de 18 anos ou violência sexual, está sob segredo de Justiça.

Após a prisão de seu ex-professor ter sido divulgada, o Colégio Rio Branco afirmou ter recebido uma mensagem sobre o período em que ele deu aulas na instituição.

“Após a veiculação do caso que mencionava o ex-professor, recebemos um email que tratava de informações referentes à época em que ele atuava na instituição e que foi prontamente respondido. Prezando pelos princípios da ética e da transparência e em sintonia com a solicitação recebida na referida mensagem, informamos que a instituição conta, há anos, com um canal de ouvidoria seguro para receber denúncias, sugestões e reclamações”, disse em nota à Folha de S.Paulo.

Também em nota, referente à investigação em Serra Negra, o advogado do suspeito, Jhonatan Wilke, negou que o cliente tenha cometido os abusos. “O professor Carlos nega a autoria dos crimes. Nunca cometeu nenhum crime durante sua carreira de mais de 30 anos como professor. Apenas prestou assistência aos estudantes que estavam enfrentando um momento difícil na família. Dessa forma, se declara inocente de todas as acusações.”

Ainda de acordo com Wilke, o professor teria realizado a limpeza dos chakras dos adolescentes, sem conotação sexual. “Sendo assim, houve uma aproximação da mão do professor nas costas e peitoral (sem toque) das vítimas.”

A Folha de S.Paulo entrou em contato novamente com o advogado por telefone neste domingo, mas não teve retorno até a publicação. Ao Fantástico Wilke disse que não foi notificado sobre a investigação envolvendo ex-alunos do Rio Branco.

Redação / Folhapress

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