SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na avaliação do presidente do Bradesco, a forte queda dos ativos de renda variável mundo afora nesta segunda-feira (5) é exagerada.
“Eu acho que é uma reação absolutamente extremada. Vamos ver o que vai acontecer”, disse Marcelo Noronha em entrevista a jornalistas para comentar o resultado do banco no segundo trimestre deste ano.
Os mercados acordaram com o derretimento de 12,5% da Bolsa de Valores do Japão, o pior resultado diário do Nikkei 225 em 37 anos do índice.
A forte aversão a risco é influenciada principalmente pelos temores de uma recessão nos Estados Unidos, após uma desaceleração no mercado de trabalho do país.
Na sexta (2), o “payroll” (folha de pagamento, em inglês) mostrou que os EUA criaram 114 mil vagas no mês passado, ante expectativa de 175 mil, e a taxa de desemprego cresceu para 4,3%, quando agentes financeiros esperavam manutenção em 4,1%.
Para Noronha, porém, o dado aquém do esperado não muda o cenário observado nos últimos meses, de resiliência da atividade econômica nos EUA.
O executivo também espera uma influência positiva da queda de juros prevista nos EUA para o Brasil. “Vemos cenário de taxa de juros constante no Brasil, não trabalhamos com alta [na Selic], mas a queda de juros nos EUA nos ajuda a não ter que subir a nossa”.
No Brasil, o dólar abriu em forte alta nesta segunda. Por volta das 9h20, a divisa norte-americana subia 1,57%, cotada a R$ 5,800. Na máxima da sessão, chegou a R$ 5,865. Outras moedas de países emergentes também se desvalorizavam, como o rand sul-africano e o peso mexicano.
O movimento ocorrido na Bolsa do Japão foi ecoado em outros mercados. O índice de referência Kospi da Coreia do Sul caiu 8,8%. Em Taiwan, o índice Taiex despencou 8,35%, a Bolsa de Singapura desvalorizou 4,07%, enquanto o S&P/ASX australiano teve perda de 2,5%. O Sensex da Índia perdeu 2,6%.
Já na China, as quedas foram menores. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas nas Bolsas do país, caiu 1,21%. Em Xangai, a perda foi de 1,54%.
Os mercados futuros indicaram que o movimento provavelmente se estenderá aos Estados Unidos. Os futuros dos índices de ações dos EUA caíram nesta segunda-feira (os ligados ao Nasdaq despencaram quase 4%).
JÚLIA MOURA / Folhapress