SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) categorizou o avanço da febre oropouche no continente americano como de “alto risco”, segundo um relatório divulgado no último sábado (3) citando o aumento e expansão de casos, a transmissão vertical e as mortes inéditas na região neste último trimestre. No início deste ano, a organização considerava o risco da doença “moderado”.
“Dado que a investigação desses agravadores está em estágios iniciais e ainda não é possível prever sua futura trajetória, o nível de risco na região foi atualizado para alto”, escreveu a organização, enfatizando que a classificação é “abundantemente cautelosa”.
Mais de 8.000 casos da doença foram registrados no continente este ano: 7.286 no Brasil, 356 na Bolívia, 290 no Peru, 74 na Colômbia e 74 em Cuba. A arbovirose atinge 21 estados brasileiros, dez dos quais têm casos autóctones, indicando que o vírus já circula pelo país.
Os surtos da doença nos últimos dez anos se concentraram principalmente na região Amazônica. Mas o aquecimento global, o desmatamento, a urbanização descontrolada e mal planejada e outras atividades humanas desbalanceiam o ecossistema, contribuindo para a expansão do vírus nas Américas, diz a organização.
A febre oropouche tem sintomas parecidos com os da dengue, chikungunya e algumas formas de zika, o que dificulta seu diagnóstico, facilitando com que seu impacto seja subestimado, diz a organização. Ela afeta pessoas de todas as idades, com mais casos entre crianças e jovens de áreas em que é mais incidente.Transmitida principalmente pela picada do mosquito infectado Culicoides paraenses, os quadros da doença são geralmente leves a moderados, com sintomas que tendem a passar em sete dias. Mas dois casos de mortes inéditas da doença confirmadas na Bahia no último mês podem indicar uma realidade mais grave, explica a organização. No último sábado, o Ministério da Saúde também confirmou a morte de um feto de 30 semanas por transmissão vertical da doença no Brasil.
A identificação dos casos depende muito da vigilância e disponibilidade de testes laboratoriais em cada país da região, que até agora não tem um sistema uniformizado para o combate e acompanhamento da doença.
“Se a oropouche espalhar ao mesmo tempo que outras arboviroses, ela pode sobrecarregar os serviços de saúde dos países afetados. O surto atual enfatiza a necessidade de uma vigilância epidemiológica mais forte e o reforço de medidas preventivas com a população”, afirma a Opas.
ISABELA ROCHA / Folhapress