RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O sorriso largo após a apresentação no solo era a certeza que Rebeca Andrade tinha ido muito bem na prova, na manhã desta segunda (5). Faltavam as notas juízes, e a ginasta brasileira precisou pegar os óculos para conferir os 14.166 pontos que garantiram o ouro e o título de maior atleta olímpica da história do Brasil.
Rebeca descobriu que não enxergava bem durante as Olimpíadas de Tóquio, há três anos e, após exames, descobriu que tem miopia (distúrbio visual cuja principal característica é a dificuldade de enxergar de longe) e astigmatismo (dificuldade que uma pessoa tem para enxergar de perto ou de longe e em focalizar a imagem e, assim, ter distorções) nos dois olhos.
A ginasta afirmou em entrevista ao site Olympics que possui mais de 2 graus de miopia e mais de 2 graus de astigmatismo e que precisa confiar em seus instintos, já que não utiliza óculos ou lentes durante as apresentações: “Dá para errar, mas não seria por não enxergar”.
Rebeca contou ainda ter desenvolvido duas táticas para não errar nos treinos: contar as passadas antes de chegar ao trampolim e medir os passos antes de enxergar na trave. “O medo é maior durante os treinamentos, de cometer erro, cair da trave, da paralela e de se machucar. (…) Fazia exercícios de respiração, passava a série na cabeça antes. Agora, tenho mais facilidade, respiro fundo e vou”, disse.
No ano passado, ela voltou a falar sobre o assunto e explicou que, apesar da recomendação, não recorria às lentes por medo de que o pó de magnésio, usado pelas atletas para a aderência, caia nos olhos. “Podem me atrapalhar mais ainda. Não enxergo. Vou no feeling”, comentou no Sportv.
Rebeca Andrade superou as duas representantes dos Estados Unidos na última prova da ginástica artísticas nas Olimpíadas 2024. Simone Biles ficou com a nota de 14.133 e levou a prata e Jordan Chiles ganhou com o bronze ao somar os 13.766 pontos.
ANA CORA LIMA / Folhapress